À ENTREVISTA
Nº 55 SOBRE O TEMA:
“JESUS FEMINISTA”
(3)
Melania, uma mulher super-marginalizada
Jesus recorda seu encontro com uma
mulher doente, a quem chama de Melania. Os três Evangelhos sinópticos relatam o
caso de uma mulher "hemorroísa" (Mateus 9,18-26), certamente por
estar sofrendo de menorragia: menstruação irregular causando um fluxo contínuo
de sangue. Além do desconforto e debilitação que causaria, que fazia a sua permanente
condição de "impura" já que durante os dias do período todas as mulheres eram consideradas assim.
O livro do Levítico (Lv 15,19-30) está
cheio de proibições em relação às mulheres menstruadas: impura durante sete
dias, tudo o que ela toca fica imundo. Por
isso, Melania foi um caso extremo de marginalização: porque era mulher, doente, imunda, estéril e sozinha.
Interagir com uma mulher menstruada –
por isso impura e, ser impura significava estar cheia de forças negativas que
afastavam de Deus - era muito mais um
tabu na cultura patriarcal e machista do mundo antigo e não só na cultura em que Jesus nasceu. Daqui,
a importância do gesto de Jesus com Melania, deitando assim por terra uma ideia
e uma prática enraizada, apagando as fronteiras entre o puro e o impuro.
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