GABRIELA
CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 161
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Um moço delicado, é capaz de adoecer – apoiou Florzinha – Já não tem muita saúde.
- Boa bisca ele não é, também. A
tristeza dele deu foi para rondar a desenvergonhada… Até para no passeio para
falar com ela. Eu já disse ao padre Basílio…
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O quê?
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Ilhéus está ficando uma terra de perdição, um dia deus castiga. Manda uma
praga, mata tudo o que é pé de cacau…
- E ele, que foi que respondeu?
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Disse que eu era uma boca de azar. Ficou danado. Que eu estava querendo o mal.
-
Também você foi logo falar com ele… Ele é dono de roça. Porque não falou com
padre Cecílio? Esse pobrezinho não tem pecado.
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Pois falei. E ele me disse: «Doroteia, o demónio está solto no meio de Ilhéus. Reinando,
sozinho». E é verdade.
Viraram o rosto para não olhar Glória na
janela, iluminada em sorrisos para o bar de Nacib. Seria o olhar pecado, o próprio
Demónio.
No bar, o Capitão triunfante, largara a
notícia sensacional: o coronel Altino Brandão, o dono de Rio do Braço, homem de
mais de mil votos, aderira a Mundinho. Lá estivera, na casa exportadora, para
comunicar a sua decisão. Mundinho lhe perguntara, surpreendido com a inesperada
reviravolta do coronel:
-
O que o decidiu, coronel?
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Pensava nos irrespondíveis argumentos e nas convincentes conversas:
-
Umas cadeiras de espaldar – respondera Altino.
Mas no bar já se sabia da entrevista mal
sucedida, da cólera de Ramiro. Exageravam-se os factos: que houvera bate-boca
violento, que o velho político expulsara Altino de sua casa, que este fora
mandado por Mundinho propor acordos, pedir trégua e clemência. Versão nascida
de Tonico, muito exaltado, anunciando nas ruas que Ilhéus ia voltar aos dias
passados de tiros e mortes.
Outras versões, do doutor e de Nhô-Galo,
que haviam encontrado o coronel Altino, contavam ter Ramiro perdido a cabeça
quando o fazendeiro do Rio do Braço lhe dissera considerá-lo já derrotado,
mesmo antes das eleições e lhe avisara que votaria com Mundinho. Ante o que
Tonico propusera um acordo humilhante para os Bastos. Ramiro recusara.
Cruzavam-se as versões ao sabor das
simpatias políticas. Uma coisa, no entanto, era certa: após a partida de
Altino, Tonico correra a chamar um médico, o Dr. Demóstenes, para atender o
coronel Ramiro, que sofrera um desfalecimento.
Dia de comentários, de discussões, de
nervosismos. A João Fulgêncio, vindo da Papelaria para a prosa do fim da tarde,
pediram-lhe opinião:
- Penso como D.ª Doroteia. Ela vem de me dizer que o Diabo anda à solta em Ilhéus. Ela não sabe
direito se ele se esconde na casa de Glória ou aqui ,
no bar. Onde você escondeu o maldito, Nacib?
( Click na imagem da beleza pura, imaculada, do rosto de uma jovem)
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