sexta-feira, setembro 21, 2012


GABRIELA
CRAVO
E
CANELA

Episódio Nº 198


Mas tinha pedaços para rir, ria Gabriela, aplaudindo Tuísca. Uma vez por detrás, sopro de homem em seu cangote:

 - Que faz aqui, afilhada?

Seu Tonico, de pé, a seu lado.

 - Vim ver Tuísca…

 - Se Nacib descobre…

 - Sabe não… não quero que saiba. Seu Nacib é tão bom.

 - Deixe estar que eu não digo.

Tão depressa acabava, tão gostoso que era!

 - Vou lhe levar…

Na porta decidiu, era um finório o seu Tonico:

 - Vamos pelo Unhão, damos a volta no morro para não passar próximo do bar.

Andavam depressa. Mais adiante achavam os postes, a iluminação. Seu Tonico falava, a voz machucada, o mais bonito dos moços.

Das Candidaturas com Escafandristas

Espectáculo repetido durante meses, quase quotidianamente, nem por isso jamais se cansou o povo de admirar os escafandristas. Pareciam, assim vestidos de ferro e vidro, seres de outros planetas desembarcados na barra.

Mergulhavam nas águas, ali, onde o mar se unia com o rio. Nas primeiras vezes, a cidade em peso deslocou-se para a ponta do Unhão a ver mais de perto. Seguiam com exclamações todos os movimentos, a entrada na água, as bombas trabalhando, os redemoinhos, as bolhas de ar.

Caixeiros largavam os balcões, trabalhadores abandonavam os sacos de cacau, cozinheiras as cozinhas, costureiras a costura, Nacib o seu bar. Alguns alugavam botes, vinham rondar em torno dos rebocadores.

O engenheiro chefe, avermelhado e solteiro (Mundinho pedira ao ministro para mandar homem solteiro, para evitar confusões) gritava ordens.

D.ª Arminda assombrava-se ante as figuras monstruosas:

 - Inventam cada coisa! Quando eu contar ao finado, na sessão, ele é capaz de me chamar de mentirosa. Coitado, não viveu para ver.

 - Pensei que fosse mentira, fosse verdade não. Descer no fundo do mar… Acreditava não – confessava Gabriela.

( A beleza única de Sónia Braga para encarnar a Gabriela que veio directamente lá do sertão, fugida à fome, para os braços de seu Nacib, moço bonito...)

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