CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 198
Mas tinha pedaços para rir,
ria Gabriela, aplaudindo Tuísca. Uma vez por detrás, sopro de homem em seu
cangote:
- Que faz aqui ,
afilhada?
Seu Tonico, de pé, a seu
lado.
- Vim ver Tuísca…
- Se Nacib descobre…
- Sabe não… não quero que saiba. Seu Nacib é
tão bom.
- Deixe estar que eu não digo.
Tão depressa acabava, tão
gostoso que era!
- Vou lhe levar…
Na porta decidiu, era um
finório o seu Tonico:
- Vamos pelo Unhão, damos a volta no morro
para não passar próximo do bar.
Andavam depressa. Mais
adiante achavam os postes, a iluminação. Seu Tonico falava, a voz machucada, o
mais bonito dos moços.
Das Candidaturas com
Escafandristas
Espectáculo repetido
durante meses, quase quotidianamente, nem por isso jamais se cansou o povo de
admirar os escafandristas. Pareciam, assim vestidos de ferro e vidro, seres de
outros planetas desembarcados na barra.
Mergulhavam nas águas,
ali, onde o mar se unia com o rio. Nas primeiras vezes, a cidade em peso
deslocou-se para a ponta do Unhão a ver mais de perto. Seguiam com exclamações
todos os movimentos, a entrada na água, as bombas trabalhando, os redemoinhos,
as bolhas de ar.
Caixeiros largavam os
balcões, trabalhadores abandonavam os sacos de cacau, cozinheiras as cozinhas,
costureiras a costura, Nacib o seu bar. Alguns alugavam botes, vinham rondar em
torno dos rebocadores.
O engenheiro chefe,
avermelhado e solteiro (Mundinho pedira ao ministro para mandar homem solteiro,
para evitar confusões) gritava ordens.
D.ª Arminda assombrava-se
ante as figuras monstruosas:
- Inventam cada coisa! Quando eu contar ao
finado, na sessão, ele é capaz de me chamar de mentirosa. Coitado, não viveu
para ver.
- Pensei que fosse mentira, fosse verdade não.
Descer no fundo do mar… Acreditava não – confessava Gabriela.
( A beleza única de Sónia Braga para encarnar a Gabriela que veio directamente lá do sertão, fugida à fome, para os braços de seu Nacib, moço bonito...)
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