sábado, outubro 06, 2012


GABRIELA
CRAVO
E
CANELA

Episódio Nº 211


Foi tão inesperado, que Tonico, silencioso e triste naquela noite, rompeu numa gargalhada. Jerusa baixava os olhos sobre o prato, o vate comia. Josué dominava com esforço a vontade de rir.

O Doutor salvou a situação contando uma história dos Ávilas. No fim do jantar chegou Amâncio Leal. O Doutor sentia que alguma coisa extraordinária acontecia. Amâncio surpreendera-se, evidentemente ao vê-lo ali. Ficara calado, esperava. Toda a família esperava. Finalmente, Ramiro não se conteve e perguntou:

 - Soube o resultado da operação?

 - Parece que se salva. É o que dizem.

 - Quem? – quis saber o Doutor.

 - Não soube de nada?

 - Viemos directos do sítio de Helvécio.

Atiraram no coronel Aristóteles.

 - Em Itabuna?

 - Aqui em Ilhéus.

 - E porquê?

 - Quem sabe?

 - Quem atirou?

 - Ninguém sabe. Um Jagunço, parece. Fugiu.

O Doutor que não lera o jornal e de nada sabia, lastimou:

 - Que coisa… Ele é seu amigo, não é coronel?

Ramiro baixou a cabeça. O jantar terminou desanimado, depois o poeta declamou uns versos para Jerusa. Mas o silêncio na sala era tão pesado que Josué e o Doutor decidiram partir. O vate bem alimentado, queria demorar mais, bebia conhaque. Mas os outros o forçaram, saíu reclamando:

 - Porquê essa pressa? Gente distinta, conhaque soberbo.

 - Eles queriam estar a sós.

 - Que diabo é que há?

Só no bar foram saber, o Doutor correu para o hospital. O ilustre vate não se conformava:

 - Por que diabo mandaram matar gente logo hoje, que me davam um jantar? Não podiam escolher outro dia?

 - Necessidade urgente – esclareceu João Fulgêncio.

Gente entrava e saía do bar. Traziam notícias de cerco do morro do Unhão, das batidas efectuadas, da grande caçada organizada para trazer o negro morto ou vivo.

O pessoal chegado de Itabuna, os jagunços desembarcados dos caminhões, afirmavam que não regressariam sem a cabeça do bandido. Para mostrá-la na cidade. Chegava gente também do Hospital. Aristóteles dormia: Dr. Lopes dizia ser ainda muito cedo para qualquer prognóstico. A bala atravessara o pulmão.

Nacib também fora espiar o cerco do morro, do fim da ladeira. Contara as novidades a Gabriela e a Dª Arminda, que estranhavam o movimento de gente.
(Click na imagem: veja se é um colar de maçãs ou um exercício de equilíbrio)

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