Está provado. A vida sempre veio do mar... |
GABRIELA
CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 212
- Mandaram matar o Intendente de Itabuna,
coronel Aristóteles. Mas só o feriram. Está morre não morre no hospital. Tão
dizendo que foi gente do coronel Ramiro Bastos, dele, dele, de Amâncio ou de
Melk, o que é a mesma coisa. O cabra se escondeu no morro. Mas não vai escapar,
tem mais de trinta homens dando caça. E se pegarem…
- O que é que vai ter? Levam preso? – qui s saber Gabriela.
- Preso? Pelo que estão falando, vão é levar a
cabeça dele para Itabuna. Até já correram com o delegado.
O que era verdade. O
delegado, com um praça, aparecera no Unhão vindo pelo lado do porto, onde o
negro atirara. Homens armados guardavam as subidas. O delegado qui s subir, não deixaram.
- Aqui
ninguém passa.
Estava fardado, as divisas
de tenente. Quem lhe proibia a passagem era um jovem, de ar petulante e
revólver em punho.
- Quem é o senhor?
- Sou o secretário da Intendência de Itabuna.
Américo Matos, se quer saber meu nome.
- E eu sou o delegado de Ilhéus. Vou prender o
criminoso.
Em torno do rapaz cinco
jagunços com repetições:
- Prender? Não me faça rir. Se o senhor quer
prender alguém, não precisa subir o morro. Prenda o coronel Ramiro, esse
canalha que se chama Amâncio Leal, Melk Tavares ou o tal Loirinho. Não precisa
de subir, tem muito que fazer na cidade.
Fez um gesto, os jagunços
levantaram as armas. O rapaz disse:
- Seu delegado, vá embora se não qui ser morrer.
O tenente relanceou o olhar,
o praça havia desaparecido.
- Você terá notícias minhas. – Deu meia volta.
Todas as subidas estavam
guardadas, eram três, duas do lado do porto, uma do lado do mar, onde ficava a
casa de Nacib. Mais de trinta homens armados, jagunços de Itabuna e de Ilhéus,
batiam o morro, varando os bosques, rolos de árvores, densos de mato, entrando
nas casas pobres, vasculhando-as de alto a baixo.
Na cidade, a boataria
atingia o máximo. No Vesúvio, de quando em quando, surgia alguém a contar mais
uma novidade: a polícia estava garantindo a casa do coronel Ramiro, onde se
encontrava ele, seus filhos, seus amigos mais devotados, inclusive Amâncio e
Melk, entrincheirados.
Notícia inventada. O próprio
Amâncio passou no bar minutos depois e Melk estava na roça. Duas vezes circulou
a notícia da morte de Aristóteles. Contavam ter Mundinho mandado pedir reforços
de homens ao coronel Altino Brandão e ter despachado um próprio de carro, em
busca de Ribeirinho.
Boatos cada qual mais
absurdo, existindo durante uns minutos, aumentando a excitação, substituídos
por outros, logo depois.
A entrada de Amâncio causou
certa sensação. Ele disse: «Boa noite, senhores» como o fazia habitualmente,
com sua voz macia, andou para o balcão, pediu um conhaque, perguntou se não
havia parceiros para um pocker. Não havia.
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