Acabadinha de chegar do mar... |
GABRIELA
CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 135
Foram à noite às quermesses
em frente à Igreja de São Sebastião. Por ali passava Tonico com Dª Alda. Nacib
a deixou com eles, deu um pulo ao bar para ver como marchava o movimento.
Vendiam presentes nas
barracas, moças estudantes tomavam conta. Rapazes compravam. Havia leilões de
prendas, em benefício da Igreja. Ari santos, suando a valer, era o leiloeiro,
anunciava:
- Um prato de doces, oferta da gentil
senhorinha Iracema. Doces feitos com as suas próprias mãos. Quanto me dão?
- Cinco mil réis – oferecia um académico de
Medicina.
- Oito, aumentava um empregado do comércio.
- Dez – lançava um estudante de Direito.
Iracema tinha muitos
apaixonados, disputado era o seu portão de namoros e, por isso mesmo, o seu
prato de doces.
Na hora do leilão veio gente
do bar para assistir e participar. As famílias enchiam a praça, namorados
trocavam sinais, noivos sorriam de braço dado.
- Um jogo de chá, prenda da jovem Jerusa
Bastos. Seis xícaras, seis pires, seis pratos para doces e outras peças.
Quanto me dão?
Ari Santos exibia uma xícara
pequena.
As moças entreolhavam-se
numa rivalidade de preços. Cada qual desejava que seu presente a São Sebastião
fosse vendido mais caro. Os namorados e noivos gastavam dinheiro, levantando as
ofertas para vê-las sorrir.
Por vezes, dois coronéis
candidatavam-se à mesma lembrança. Crescia a animação, subiam os lances
chegando a cem e a duzentos mil réis. Naquela noite, numa disputa com
Ribeirinho, Amâncio Leal dera qui nhentos
mil réis por seis guardanapos. Isto já era desperdiçar, jogar dinheiro fora.
Tão farto ele andava nas ruas de Ilhéus.
As moças casadoiras
animavam, com os olhos, namorados e pretendentes. A ver que figura fariam
quando o leiloeiro anunciasse a sua prenda. A de Iracema batera um record: o
prato de doces fora levantado por oitenta mil réis. Lance de Epaminondas, sócio
mais jovem de uma loja de fazendas, Soares & Irmãos.
Pobre Jerusa, sem namorado!
Metida a emproada, não se passava para os moços de Ilhéus. Murmurava-se de amor
na Baía, um qui ntanista de Medicina.
Se sua família não entrasse nos lances – seu tio Tonico e Dª Olga, ou algum
amigo de seu avô – seu jogo de xícaras não ia dar nada. Iracema sorria
vitoriosa.
- Quanto me dão pelo jogo de chá?
- Dez mil réis – deu Tonico.
- Deu qui nze
Gabriela, com Nacib novamente a seu lado.
O coronel Amâncio, capaz de
aumentar o lance, já não estava, fora-se embora para o cabaré. Ari Santos
suava, no palanque a gritar.
- Quinze cruzeiros… quem dá mais?
- Um conto de réis.
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