Ainda Precisamos dos EUA
O que ainda hoje sobra de ordem e de arranjos institucionais neste mundo de anar
Apesar de em 1945 os EUA deterem 50% do PIB mundial,
Washington escolheu o caminho da cooperação, em vez da via da arrogância. Mais
ainda, embora entre 1945 – 49 os EUA tivessem gozado do monopólio da arma atómica,
a Casa Branca respondeu sempre com moderação às provocações constantes de Estaline,
nomeadamente no bloqueio de Berlim (1948-1949).
Para Eduardo Lourenço, «não há exemplo na história
humana, de semelhante autocontrole e auto-limitação de poderio na relação entre
os povos».
Se hoje a Alemanha e o Japão são grandes potencias económicas, isso ficou a dever-se ao facto de terem sido os EUA (e não só a Rússia ou a Grã-Bretanha) a imporem as condições em que os derrotados iriam retornar à condição de potências civilizadas num quadro de normalidade internacional.
Em vez de pesadas indemnizações de guerra, os EUA ofereceram aos derrotados apoio económico e constituições democráticas. As condições do Plano Marshall, em 1947, são muito mais favoráveis do que as exigências contidas nos memorandos impostos pela troika á Grécia, à Irlanda e a Portugal.
Se hoje a Alemanha e o Japão são grandes potencias económicas, isso ficou a dever-se ao facto de terem sido os EUA (e não só a Rússia ou a Grã-Bretanha) a imporem as condições em que os derrotados iriam retornar à condição de potências civilizadas num quadro de normalidade internacional.
Em vez de pesadas indemnizações de guerra, os EUA ofereceram aos derrotados apoio económico e constituições democráticas. As condições do Plano Marshall, em 1947, são muito mais favoráveis do que as exigências contidas nos memorandos impostos pela troika á Grécia, à Irlanda e a Portugal.
O leitor já deve saber quem ganhou as eleições nos
EUA, na altura em que ler estas palavras. O apoio da opinião pública mundial a
Barack Obama, deveu-se, muitas vezes de modo confuso, á consciência de que
apesar de todos os limites, insuficiências e desilusões (em particular nas áreas
do ambiente, clima e energia) da sua presidência, Obama estará em melhores
condições do que Romney para assegurar que, na passagem para um mundo «mundo pós-americano»
e multipolar, os EUA não deixarão de usar as instituições, a diplomacia e o “soft
power” para tornar este planeta onde todos nos acotovelamos perigosamente, num
sítio um pouco mais habitável.
Para nós, portugueses e europeus, a vitória de Romney
teria sido (espero não me enganar no tempo do verbo) mais um factor de angústia.
Com Romney, a estúpida estratégia da austeridade que domina a Europa,
estender-se-ia aos EUA, lançando o planeta inteiro num inverno de pobreza e
desigualdade.
Os últimos anos ensinaram-nos que a «pulsão de morte»,
descoberta por Freud nas profundezas da condição humana, também existe nas nações.
Na Europa ela tem em
Angel Merkel o seu rosto. Nos EUA, a sua face é Mitt Romney.
Só espero que os eleitores americanos tenham escolhido
a «pulsão da vida».
Victor Soromenho Marques
(Prof. Catedrático da
Fac. de Letras de Lisboa)
P.S – Soromenho Marques arriscou neste artigo, de que
este trecho é a parte final, a vitória de Obama. Como sabem, eu congratulo-me
bastante que ele não se tenha enganado.
Mesmo com os poderosos milionários reaccionários, (há
excepções) representados na Câmara dos Representantes contra si, não tenho dúvidas
que o mundo fica menos perigoso com Obama. Ainda não esquecemos o negócio que
foi a guerra do Iraque.
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