AMERICANAS. (Again…)
Parece ter sido no outro dia quando exultei com a vitória
de Obama e já aí o temos outra vez a lutar numa América cada vez mais dividida,
a dos abastados contra a dos pobres. A América tolerante, cosmopolita, aberta
ao casamento homossexual, contra a do obscurantismo e do puritanismo religioso.
A América dos abastados contra a dos pobres, a dos que amam Obama contra aquela
que o odeia.
A América, na qual, um em cada sete – 43,6 milhões de
pessoas – depende, para sobreviver, dos «cupões de comida» do Programa de
Assistência Nutricional Suplementar.
A América, em que os seis herdeiros da família Walton,
dona da cadeia de supermercados Wal – Mart, têm uma fortuna igual ao património
acumulado de 100 milhões de americanos, ou seja: 1% possui tanto como os
restantes 90.
Sociedade dividida cada vez mais em que a maioria dos
eleitores, talvez uns 90%, votam num dos dois grandes partidos e vêem o mundo
pelos óculos desses partidos. Têm cada vez menos em comum, atingindo mesmo a
história, aquela história que os americanos julgavam ser largamente comum.
Os Republicanos reacendem o medo do colectivismo e
assumem-se como a América boa contra a América má. Para eles, a Europa é o
patinho feio, é o declínio, os impostos, o estatismo. A América profunda, do
interior, é aquela “que não mente”.
Mas há quem afirme que não há apenas duas Américas:
«Discordamos sobre aqui lo
que somos, por que não nos conseguimos pôr de acordo sobre aqui lo que fomos» Diz E.J. Dionne, editorialista do
Washington Post e autor de Our Divided Political Heart (O nosso dividido coração
político).
Os depoimentos de personalidades de relevo dos
Republicanos são reveladores do carácter e pensamento desta gente, da tal América
profunda.
Roy Nicholson, 64 anos, presidente do Tea Party do Mississípi:
- «Obama é perigoso,
ele odeia os Estados Unidos, não é um verdadeiro patriota. Estou convencido que
ele é muçulmano. Desde que foi eleito, precipita-se para o estrangeiro para
fazer salamaleques. Se for reeleito vai acabar com o país que amo. Receio que
os meus netos cresçam numa ditadura soviética»
Um político europeu que fizesse afirmações destas para
com um candidato seu adversário, mais ainda sendo Presidente do seu país, ficaria imediatamente
desacreditado perante todos os cidadãos, eleitores ou não, isto numa situação
perfeitamente hipotética.
Obama conseguiu fazer aprovar nos dois primeiros anos
do seu mandato, contra os bloqueios do sistema, reformas de fundo mas, nos
Estados Unidos, não é recompensado por isso, é punido.
Receio pelo futuro da Europa. Muito mais se Obama
perder…
Com Mitt Romney o orçamento militar aumentará 2.000 biliões de dólares para o período de 2013 e 2022 e a redução de efectivos de Obama será anulada.
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