sábado, novembro 03, 2012


ELEIÇÕES
AMERICANAS. (Again…)

Parece ter sido no outro dia quando exultei com a vitória de Obama e já aí o temos outra vez a lutar numa América cada vez mais dividida, a dos abastados contra a dos pobres. A América tolerante, cosmopolita, aberta ao casamento homossexual, contra a do obscurantismo e do puritanismo religioso. A América dos abastados contra a dos pobres, a dos que amam Obama contra aquela que o odeia.

A América, na qual, um em cada sete – 43,6 milhões de pessoas – depende, para sobreviver, dos «cupões de comida» do Programa de Assistência Nutricional Suplementar.

A América, em que os seis herdeiros da família Walton, dona da cadeia de supermercados Wal – Mart, têm uma fortuna igual ao património acumulado de 100 milhões de americanos, ou seja: 1% possui tanto como os restantes 90.

Sociedade dividida cada vez mais em que a maioria dos eleitores, talvez uns 90%, votam num dos dois grandes partidos e vêem o mundo pelos óculos desses partidos. Têm cada vez menos em comum, atingindo mesmo a história, aquela história que os americanos julgavam ser largamente comum.

Os Republicanos reacendem o medo do colectivismo e assumem-se como a América boa contra a América má. Para eles, a Europa é o patinho feio, é o declínio, os impostos, o estatismo. A América profunda, do interior, é aquela “que não mente”.

Mas há quem afirme que não há apenas duas Américas:

«Discordamos sobre aquilo que somos, por que não nos conseguimos pôr de acordo sobre aquilo que fomos» Diz E.J. Dionne, editorialista do Washington Post e autor de Our Divided Political Heart (O nosso dividido coração político).

Os depoimentos de personalidades de relevo dos Republicanos são reveladores do carácter e pensamento desta gente, da tal América profunda.

 Roy Nicholson, 64 anos, presidente do Tea Party do Mississípi:

 - «Obama é perigoso, ele odeia os Estados Unidos, não é um verdadeiro patriota. Estou convencido que ele é muçulmano. Desde que foi eleito, precipita-se para o estrangeiro para fazer salamaleques. Se for reeleito vai acabar com o país que amo. Receio que os meus netos cresçam numa ditadura soviética»

Um político europeu que fizesse afirmações destas para com um candidato seu adversário, mais ainda sendo Presidente do seu país, ficaria imediatamente desacreditado perante todos os cidadãos, eleitores ou não, isto numa situação perfeitamente hipotética.

Obama conseguiu fazer aprovar nos dois primeiros anos do seu mandato, contra os bloqueios do sistema, reformas de fundo mas, nos Estados Unidos, não é recompensado por isso, é punido.

Receio pelo futuro da Europa.  Muito mais se Obama perder… 

Com Mitt Romney o orçamento militar aumentará 2.000 biliões de dólares para o período de 2013 e 2022 e a redução de efectivos de Obama será anulada. 

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