Estão na moda as mulheres gurreiras... |
GABRIELA
CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 139
Da Nobre Ofenísia à plebeia Gabriela, com variados
acontecimentos e falcatruas.
Sucederam-se, naquele começo do ano, realizações e
empreendimentos, conheceu Ilhéus novidades e escândalos. Os estudantes
consideraram um dever transformar a singela inauguração da biblioteca da
Associação Comercial numa época de marcar época.
- O que esses
meninos querem é dançar… - reclamou o presidente Ataulfo. O Capitão, porém,
organizador da biblioteca com a inestimável ajuda de João Fulgêncio, viu na
ideia dos estudantes excelente oportunidade para a propaganda de sua
candidatura a Intendente.
Além do mais, tinha razão ao dizer, argumentando com
Ataulfo, que os moços não queriam apenas divertir-se. Aquela biblioteca era a
primeira de Ilhéus (a do Grémio Rui Barbosa reduzia-se a pequena estante de
livros, quase todos de poesia), possuía uma significação especial.
Como, aliás, acentuou o jovem Sílvio Ribeiro, filho de
Ribeirinho, segundanista de Medicina em seu caprichado discurso. Foi um tipo de
festa antes desconhecido em Ilhéus.
Os estudantes organizaram um sarau literário, do qual
participaram vários deles, além de personalidades como o Doutor Ari Santos,
Josué. Falaram também o Capitão e o Dr. Maurício, o primeiro como bibliotecário
da Associação, o segundo como orador oficial, ambos porque eram candidatos a
Intendente.
A novidade maior constituíram-na moças do Colégio das
Freiras e da sociedade Ilheense a declamar poemas em público. Algumas
tímidas e encabuladas, outras despachadas e senhoras de si.
Diva, que possuía um fio de voz claro e agradável,
cantou uma romança. Jerusa executou Chopin ao piano. Rolaram na sala versos de
Bilac, de Raimundo Correia, de Castro Alves e do poeta Teodoro de Castro, os
destes últimos em louvor de Ofenísia. Além dos poemas de Ari e Josué, ditos
pelos próprios autores.
Para o fiscal do Colégio do Colégio que se demorara a
visitar Itabuna, os povoados e fazendas, arranjando matéria paga para o jornal
do Rio, tudo aqui lo parecia uma
caricatura risível. Mas para a gente de Ilhéus era uma festa encantadora.
- Uma beleza! –
comentou Quinqui na.
- Dá gosto
assistir – concordou Florzinha.
Seguiram-se danças, é claro A associação fez vir de
Belmonte, para dirigir a biblioteca, o poeta Sosígenes costa, que iria exercer
notável influência no desenvolvimento da vida cultural da cidade.
E ao falar de cultura e de livros, ao recordar versos
de Teodoro para Ofenísia, como passar em silêncio a publicação em pequeno
volume, composto e impresso ali mesmo, em Ihéus, na tipografia de João
Fulgêncio por mestre Joaqui m, de
alguns capítulos do memorável livro do Doutor: «A História da Família Ávila e
da Cidade de Ilhéus?».
Não com esse título, pois, publicando apenas os
capítulos referentes a Ofenísia e seu controvertido caso com o Imperador Pedro
II, pôs-lhe modestamente o Doutor: Uma Paixão Histórica e, como subtítulo,
entre parêntesis: «Ecos de uma Velha Polémica».
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