segunda-feira, novembro 12, 2012


Uma ilha de Lixo

 Por Eduardo Gazola


Não sei quantos de vocês já ouviram falar disto.
O fato é lamentável. Faz tempo que quero falar a este respeito mas não tive tempo de pesquisar para escrever algo mais palpável sobre o assunto.

Existe uma ilha de lixo próximo ao Japão. Esse lixo acumulou-se ali porque as correntes marítimas ali os acumularam. Alguém atirou ao mar uma latinha de Coca-Cola no Caribe e tempos depois essa latinha encontrou suas “primas” lá na Pacific Vortex como é chamada a ilha de lixo do Oceano Pacífico.

Aquela garrafinha que você atira para a rua pela janela do seu carro, é levada pela chuva às sarjetas, aos rios e finalmente ao mar; Do mar ela vai encontrar o seu caminho para juntar-se ao Pacific Vortex e assim se forma um Lixão no meio do Oceano Pacífico.

Entre o litoral da Califórnia e o Havai, uma área enorme ganhou um triste apelido: o Lixão do Pacífico. Levadas pela corrente marítima, toneladas e toneladas de sujeira, produzidas pelo homem, acumulam-se num lugar que já foi, em tempos, um paraíso.

Um oceano de plástico, uma sopa intragável, de tamanho incerto a aproximadamente 1.600 quilómetros da costa entre a Califórnia e o Havai. 3,5 milhões de quilómetros quadrados, seis vezes maior do que a França, 22.000 quilómetros de circunferência e, segundo estimativas, maior do que a soma de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás.

Charles Moore viajava pelo Pacífico, entre o Havai e a Califórnia, quando resolveu arriscar um novo caminho.

"Foi perturbador, dia após dia não via uma única área onde não houvesse lixo. E tão distante do continente, lembra o capitão.

Como um descobridor nos tempos das Navegações, Charles Moore, foi o primeiro a detectar a massa de lixo e baptizou o lugar de Lixão do Pacífico.

 Primeiro, viu pedaços grandes de plástico, muitos deles transformados em casa para os mariscos. Depois, quando aprofundou a pesquisa, o capitão descobriu que as águas-vivas estavam-se enrolando em nylon e engolindo pedaços de plástico. O albatroz tinha um emaranhado de fios dentro do corpo.

"Antes não havia plástico no mar, tudo era comida. Então, os animais aprenderam a comer qualquer coisa que encontram pela frente. Pode ver-se que “eles tentaram comer um pedaço de embalagem mas não conseguiram, diz o capitão.

Com uma peneira na popa, o capitão e a sua equipe filtraram a sopa de plástico e fizeram medições. Já descobriram, por exemplo, que 27% do lixo vem de sacos de supermercado. Numa análise feita com 670 peixes, encontraram quase 1.400 fragmentos de plástico.


São informações valiosas, fonte de pesquisa e argumentos para a grande denúncia de Charles Moore:   

- "Gostaria que o mundo inteiro percebesse que o tipo de vida que estamos levando, atirando tudo fora, usando tantos produtos descartáveis, está a matar-nos. Temos que mudar, se quisermos sobreviver."

Um gesto despreocupado, uma simples garrafa de plástico esquecida numa praia da Califórnia. Muitas vezes ela é devolvida pelas ondas e recolhida pelas equipas de limpeza das praias, mas grande parte do material plástico que é produzido nessa região acaba embarcando numa longa e triste viagem pelo Oceano Pacifico.

O plástico jogado nas ruas é varrido pela chuva, entra nas galerias fluviais das cidades e chega até o mar; ou vem de rios poluídos que desembocam no Oceano.

No caminho, os dejectos do continente juntam-se ao lixo das embarcações e viajam até uma região conhecida como o Giro do Pacífico Norte. Diversas correntes marítimas que passam nas margens da Ásia e da América do Norte acabam formando um enorme redemoinho feito de água, vida marinha e plástico.

Mas, uma ou outra vez, uma tempestade, um vento forte e parte do lixo viaja para fora da sopa, até uma praia distante.

Estamos numa praia linda e deserta de uma região praticamente desabitada do Havaí. Não era para ser um paraíso ecológico? Mas Kamilo Beach recebe tantos dejectos marítimos que acabou virando um lixão a céu aberto. Basta procurar um pouquinho para entender a origem de todo o plástico que chega até a praia: uma embalagem com caracteres chineses. Uma bóia de pescadores provavelmente vinda do Japão. Um pouco mais adiante, há o pedaço de um tanque de plástico com ideogramas coreanos.

“O que acontece, é que as toxinas estão-se acumulando ao longo da cadeia alimentar e os predadores do topo da cadeia, que somos nós, estamos comendo plástico também”, alerta Suzanne Frazer.




No meio do oceano Pacífico, fica o maior lixão do mundo - são 4 milhões de toneladas de garrafas e embalagens, que foram empurradas para lá pelas correntes marítimas e formam um amontoado de 700 mil km2 (duas vezes o estado de São Paulo). Um desastre - mas que pode virar uma coisa boa. Uma empresa da Holanda quer colectar todo esse plástico e reciclá-lo para fazer uma ilha artificial, de aproximadamente 10 mil km2 (equivalente a uma cidade como Manaus) e capacidade para 500 mil habitantes. 

Ela teria casas, lojas, praias, áreas de lazer e plantações - tudo apoiado numa base de plástico flutuante. Seus criadores acreditam que a ilha possa se tornar autossuficiente, produzindo a própria comida e energia. "Queremos levar o mínimo de coisas para a ilha. A principio, tudo será feito com o lixo que encontrarmos na área", diz o arquiteto Ramon Knoester. A cidade flutuante seria cortada por canais, para que as correntes oceânicas pudessem passar livremente (sem ameaçar a estabilidade da ilha). 

O projecto já recebeu o apoio do governo holandês, mas não tem data para começar - ninguém sabe quanto a obra custaria, nem se é viável. "A ilha não é economicamente rentável. Nós a vemos apenas como uma maneira de limpar a poluição causada pelo ser humano", diz Knoester. Enquanto isso não acontece, toda a matéria-prima que seria usada nesse empreendimento continua boiando.

PS - Que alguém explique a razão pela qual um projecto destes não tem apoio financeiro de todos os países do mundo na proporção dos respectivos PIBs?  Se todos sujaram...


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