quarta-feira, fevereiro 27, 2013


O MESTRE DE AVIS – D. JOÃO I de PORTUGAL
E O SEU CONDESTÁVEL

 - A Ínclita Geração -

(continuação)


E assim foi. Veio uma primeira expedição de trezentos homens, archeiros, aventureiros. Depois veio ele próprio à testa de um garboso esquadrão de cavalos.

O Duque de Lencastre era irmão do Príncipe Negro, “A flor de toda a cavalaria do mundo”, segundo Froissart, e casara em segundas núpcias com Dª Constança de Castela, daí a sua pretensão em suceder no trono de seu sogro, D. Pedro o Cruel.

Mas este homem, vivo, empreendedor, ambicioso, não podia ostentar as armas limpas e imaculadas de seu irmão. Sem respeito à mulher e às filhas, vivia em manifesta mancebia com Misse Katherine Rouet, casada, que para ali entrara na qualidade de governanta e mestra das meninas.

Parece que ao tempo a corte inglesa não primava por uma grande pureza de costumes. Constança, que era uma senhora simples, fechava os olhos à devassidão que ia de portas a dentro.

Um cronista da época escrevia em latim a respeito do Duque de Lencastre para as pessoas castas não tomarem conhecimento da libertinagem que ia na pudica nação.

Quando chegou a Lisboa a expedição aviada sob o signo deste homem, as cortes de Coimbra elevavam a rei de Portugal o Mestre de Avis a despeito do padre, bastardo e ter costados de vilão.

Era uma vitória do povo, de resto tão bem compreendida e aceite que o Conselho se compunha de nomes, indigitados, uns, pelas corporações, de nomeação os outros das quatro cidades capitais, Lisboa, Porto. Évora e Coimbra.

Com a vinda do Duque de Lencastre, entre as alíneas da aliança que havia de ligar Inglaterra a Portugal até à data de hoje, de modo mais ou menos platónico, foi pactuado o casamento de D. João I com Filipa de Lencastre, filha primogénita do Duque.

No entanto, D. João I, futuro esposo, obrigava-se a invadir a Espanha para satisfazer os anseios do seu sogro, mas ele não pôs pressa nenhuma em cumprir o estipulado.

Filipa fartou-se de esperar o bergantim doirado que a havia de trazer ao país do sol.

 - Porquê?

Entre outras hipóteses, é a de que ela, a julgar pelo seu retrato em alto relevo no Mosteiro da Batalha e o silencio de Fernão Lopes, deixava muito a desejar como beleza.

Por outro lado, D. João tinha tomado votos e só o Papa os podia desatar mas, tratando-se de príncipes, a operação era sumária.

Seja qual tenha sido a inibição, o pai é que não esteve pelos ajustes, Mandou vir a menina, apresentou-a ao aliado e futuro genro:

 - Aqui a tem. Case!

E casou. Deste consórcio derivou Aquela a que se chamou a Ínclita Geração que derramou lustro sem par na História de Portugal.

Site Meter