DO
CARNAVAL
Episódio Nº 32
- Eles não têm culpa. Não
foram eles que se fizeram burros.
Jerónimo só lamentava
Pedro Ticiano não estar ali para ouvir a revelação dos sentimentos bons de
Paulo Rigger.
- Mas deviam compreender a sua mediocridade e
não aparecer. Eu desculpo os burros convencidos da sua nulidade. Os que pensam
ser alguma coisa, não…
A opinião de José Lopes
pesou no grupo.
- Eu acho que a gente não
deve tratar desse pessoal… é dar valor… Para quê lembrar essa canalha? Melhor
seria esquecer que eles existem…
- E eles existem mesmo? Têm algum valor para
existirem? Vivem, não existem… - apoiou o Gomes, lançando baforadas de fumaça
no ar.
- Por que é que você está hoje contente,
Paulo?
- Sei lá! Talvez, hoje, eu tenha encontrado a Felicidade…
Quem sabe se não topei
hoje com o “caminho”… O “fim” talvez não esteja fora do meu alcance…
- Você estará apaixonado, Rigger? Espantou-se
José Lopes. Você é bem capaz disso. Os homens que, como você, se dizem
cerebrais, são os mais sentimentais.
- Ninguém sabe onde termina o cérebro e começa
o coração…
- Você é capaz de paixões repentinas… Olhe o
seu caso com Julie. Você chegou a amar aquela mulher.
- Desejava-a, somente.
- Cuidado, Paulo, muito cuidado. Não vá fazer
uma tolice…
Que José Lopes se deixasse
disso. Afinal, não havia nada. Ele namorara no cinema uma menina bonita e
romântica. Murmurara-lhe coisas sonoras aos ouvidos. Ela nem respondera.
Sorrira apenas. A verdade é que aqui lo
lhe dava uma grande satisfação. Mas não havia nada de sério,
José Lopes, assim mesmo,
recomendava cuidado. Ricardo Braz, ao contrário, aconselhava Paulo Rigger a
continuar o namoro.
- Pode ser o princípio da sua Felicidade.
Ninguém tem o direito de deixá-la fugir… Eu, logo que me apareça o meu ideal,
casarei. Se a senhora Felicidade passar ao alcance da minha mão, garanto que a
agarrarei…
- Nada! O amor não é finalidade da vida de
ninguém. Nem o amor nem o casamento. O amor não tira a insatisfação, a inqui etude de pessoa alguma. Essa inqui etude é uma coisa muito mais séria. Ticiano diz
bem, eu o reconheço. O problema é muito cerebral…
- Você mudou de ideia em pouco tempo. Afirmou
há dias que essa insatisfação era questão de sentimento. O mínimo do cérebro.
Pois eu estou com o que você disse no outro dia, mano…
- Um misto. Sentimento e cérebro. Mas só o
cérebro resolve. Eu disse também que a gente não chega a ser feliz por causa do
cérebro… O sentimento pode se satisfazer, mas o cérebro não. O amor não resolve
o problema, consequentemente…
- Resolve só as coisas naturais, humanas,
podem dar alegria e felicidade à vida… Compreendeu?
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