quarta-feira, fevereiro 13, 2013


PAÍS
DO
CARNAVAL

Episódio Nº 21

- Isso mesmo – apoiou Ticiano – viver por viver.

 - Mas José Lopes está se contradizendo. Outro dia ele discutiu com você, Ticiano, dizendo que até a religião pode dar a felicidade… Agora nega que ela exista…

 - Não é bem isso. A Felicidade não existe para certos homens. Você por exemplo que espera encontrá-la no amor, terá uma desilusão. A Felicidade não foi feita para você. Agora Jerónimo, não. É outro caso. Dêem-lhe uma boa esposa e um pouco de religião, o consolo do sobrenatural, e estará feliz.

 - Bem, isso no caso de Jerónimo. Mas, no seu? Você tem talento pra burro e diz que pode chegar a católico.

 - A verdade é que eu sinto às vezes, necessidade de um consolo. A gente com os amigos, por mais que queira, não pode ser inteiramente sincero. Precisa-se de um senhor muito bom, que nos escute e console.

Mas é questão de sentimento. A razão não me levou ainda até Deus. E não me levará nunca. E ao sentimento eu vencerei.

 - E é esse homem que se diz sereno!

 A conversa estancou. O Gomes entrara aos pulos, arrastando Jerónimo. Sentou-se esbaforido.

 - Garçonete, cerveja!

 - Hei? – admirou-se Pedro Ticiano – Cerveja? Olhem, o Gomes paga cerveja. Há qualquer coisa com certeza de muito grave. Gravíssima.

Gomes explicava:

 - Estou entusiasmado!

 - O entusiasmo é uma prova de mediocridade – interrompeu Ticiano.

 - Não interrompa o homem!

 - Uma ideia, uma grande ideia – bradava o Gomes apoplégico.

 - uma ideia? Você teve uma ideia, Gomes? – berrou Ricardo

 - Guarde a sua ideia, rapaz. É um tesouro.

 - Ora, vá para o inferno! Sujeito chato!

Não queria ouvir fosse embora… Bolas! Ele, afinal, se esforçava por fazer alguma coisa para bem de todos e Braz ainda vinha chatear…

José Lopes conciliou:

 - Deixem de tolices! Eu estou curioso, Gomes… conte

A garçonete chegou com a cerveja.

Gomes pediu charutos.

 - “Ouro de Cuba”… Não, “Suerdick nº 2”

O espanto de Ticiano não tinha limites.

O Gomes, já serenado, lançou a ideia acompanhada de um soco no meio da mesa:

- Um diário, vamos ter um diário!

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