sexta-feira, março 01, 2013


O PAÍS
DO
CARNAVAL

Episódio Nº 35

 - Oh, Dr. António! Como vai?

- Vou bem. E a senhora, Dª Mercedes?

- Assim, assim…

 - E a senhorita, Dª Ruth, como tem passado?

 . Regularmente.

 - Quero apresentar-lhe o meu distinto amigo, o Dr. Ricardo Braz. Formou-se agora na minha turma. E é poeta, também.

- Oh, não, minhas senhoras! Jornalista, apenas…

Ruth sabia-o. Trabalhava no “Estado da Bahia”, não era? Pois se ela via Ricardo sempre!

 - Onde, senhorita?

Dª Mercedes, solícita, explicava:

 - Nós somos vizinhas do Dr. Pedro Ticiano…

 - Ah! O meu querido director…

 - … e o senhor sempre vai à casa dele.

 - Verdade. Ticiano tem sido um grande amigo meu.

António Mendes despediu-se. Ricardo ficou. Por coincidência, ia almoçar com Pedro Ticiano. Levou-as até ao bonde. Subiram. E a conversa correu mansa, encantando Ricardo. Ruth conhecia o seu livro de versos.

Então a senhorita faz uma triste ideia de mim.

 - Não. Ao contrário. Gosto muito do livro. Mamãe é que não gosta de um dos sonetos.

 - Qual?

 - Um tal de “Fria”. É um pouco forte.

 - Ah, sim!... “Fria”… Foram os amigos que fizeram questão de colocá-lo ali…

Ricardo ficou a pensar nos versos. Sempre considerara Fria o seu melhor soneto. E logo esse desagradara à mãe de Ruth…

Na porta da casa elas disseram que ele “aparecesse sempre para dar uma prosa”.

 - Olhem que eu sou capaz de abusar do convite…

 - O prazer é todo nosso…

Ricardo entrou em cada de Ticiano, que morava então numa sala de frente da residência de uma família. Mas Ticiano via-se obrigado a mudar. Teria que habitar com o filho casado. Pois se já enxergava com dificuldade… E o corpo todo já lhe doía. Iria morrer em casa do filho… Pelo menos não morreria entre estranhos…

 - Ticiano, vim almoçar com você.

 - Onde come um comem dois…

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