sexta-feira, março 22, 2013


O PAÍS
DO
CARNAVAL

Episódio Nº 53


Paulo Rigger andava à toa. E quase se choca com Dª Helena, que saltitante, vestido novo, cumprimentava-o:

 - Oh, Dr. Paulo! Como vai?

 - Vou mais ou menos… E a senhora, Dª Helena?

 - Bem. Não como o senhor…

E toda curiosa:

- E Maria de Lourdes, Dr. Paulo, tem visto?

 - Não, Dª Helena. Não sei que fim levou.

Dª Helena sabia. Maria de Lourdes chorara muito com o rompimento. Mudaram-se. Depois haviam-lhe contado, a madrinha arranjara uma cadeira de professora no interior. E viajaram…

Rigger, muito pálido, despediu-se:

 - Adeus, Dª Helena, adeus!

  - Oh, dr. Paulo! Pelo amor de Deus… Que pressa” Vamos conversar um pouco… Eu agora moro em casa minha. Quer ir até lá, conversar?

Paulo Rigger foi. Deu-lhe uma vontade repentina de possuir aquela mulher. Ela tinha qualquer coisa de comum com Maria de Lourdes.

Talvez tivesse a sensação de possuir a sua ex-noiva quando apertasse entre os braços a vizinha de quarto. E sentiu, de facto, essa sensação esquisita. Parecia-lhe apertar Maria de Lourdes, quando abraçava Helena.

E Paulo Rigger voltou a sofrer intensamente.


Tornara-se difícil encontrar qualquer dos amigos. Ricardo, casado, estava na fazenda que ele lhe cedera para a lua-de-mel.

Paulo Rigger sentira que Ricardo se afastara completamente deles. Tentara a experiência a ver se conseguia a Felicidade. E no Piauí, na cidadezinha do interior, vivendo a sua experiência, vivendo o seu burguesíssimo amor, não queria naturalmente recordar-se dos amigos que negavam a felicidade do casamento.

Invadiu-o uma alegria enorme quando, em uma tarde de sol intenso, encontrou José Lopes, que lia uma obra de Freud ao mesmo tempo que tomava um cálice de vermute.

 - José!

 - Olá, Paulo! Sente-se.

 - Lendo sempre, José Lopes?

 - É verdade…

 - Disposto a encontrar a Felicidade na filosofia?

 - E o que será a Felicidade, Rigger? Será a alegria de todo o dia, a dor de toda a hora? Você bem sabe que essa Felicidade não nos satisfaz.

 - Talvez seja a serenidade, a indiferença de Pedro Ticiano.

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