DO
CARNAVAL
Episódio Nº 53
Paulo Rigger andava à toa.
E quase se choca com Dª Helena, que saltitante, vestido novo, cumprimentava-o:
- Oh, Dr. Paulo! Como vai?
- Vou mais ou menos… E a senhora, Dª Helena?
- Bem. Não como o senhor…
E toda curiosa:
- E Maria de Lourdes, Dr.
Paulo, tem visto?
- Não, Dª Helena. Não sei que fim levou.
Dª Helena sabia. Maria de
Lourdes chorara muito com o rompimento. Mudaram-se. Depois haviam-lhe contado,
a madrinha arranjara uma cadeira de professora no interior. E viajaram…
Rigger, muito pálido,
despediu-se:
- Adeus, Dª Helena, adeus!
- Oh, dr. Paulo! Pelo amor de Deus… Que
pressa” Vamos conversar um pouco… Eu agora moro em casa minha. Quer ir até lá,
conversar?
Paulo Rigger foi. Deu-lhe
uma vontade repentina de possuir aquela mulher. Ela tinha qualquer coisa de
comum com Maria de Lourdes.
Talvez tivesse a sensação
de possuir a sua ex-noiva quando apertasse entre os braços a vizinha de quarto.
E sentiu, de facto, essa sensação esqui sita.
Parecia-lhe apertar Maria de Lourdes, quando abraçava Helena.
E Paulo Rigger voltou a
sofrer intensamente.
Tornara-se difícil
encontrar qualquer dos amigos. Ricardo, casado, estava na fazenda que ele lhe
cedera para a lua-de-mel.
Paulo Rigger sentira que
Ricardo se afastara completamente deles. Tentara a experiência a ver se
conseguia a Felicidade. E no Piauí, na cidadezinha do interior, vivendo a sua
experiência, vivendo o seu burguesíssimo amor, não queria naturalmente
recordar-se dos amigos que negavam a felicidade do casamento.
Invadiu-o uma alegria
enorme quando, em uma tarde de sol intenso, encontrou José Lopes, que lia uma
obra de Freud ao mesmo tempo que tomava um cálice de vermute.
- José!
- Olá, Paulo! Sente-se.
- Lendo sempre, José Lopes?
- É verdade…
- Disposto a encontrar a Felicidade na
filosofia?
- E o que será a Felicidade, Rigger? Será a
alegria de todo o dia, a dor de toda a hora? Você bem sabe que essa Felicidade
não nos satisfaz.
- Talvez seja a serenidade, a indiferença de
Pedro Ticiano.
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