terça-feira, abril 09, 2013


O NEGÓCIO

DAS

RELÍQUIAS


O Santo Sudário



No Antigo Testamento, o Livro dos Números (19,11-16) manda não tocar em cadáveres e rejeitar qualquer coisa que tenha estado em contacto com eles. Por causa destas tradições derivadas de sua herança judaica, em seus primórdios, o cristianismo não reverenciava, nem mesmo apreciava as relíquias. Mas a partir do século III, quando o cristianismo se tornou religião oficial em todo o Império Romano, isto mudou drasticamente já que gregos e romanos não tinham essa norma religiosa.


Nos finais do Séc.IV apareceram as primeiras relíquias de Cristo: lascas e pedaços de cruz, de autenticidade duvidosa, dado o tempo decorrido desde o tempo de crucificação de Jesus. Elena, mãe do imperador Constantino, começou a levar para Roma as relíquias que havia encontrado nas suas viagens pela Palestina.

Desde então, o culto das relíquias começou em ascensão. Os comerciantes, hábeis, percebendo o lucrativo negócio da compra e venda de relíquias, dedicaram-se a falsificar todo o tipo de “objectos sagrados”.

No século VI não havia igreja, humilde que fosse, que não tivesse as suas próprias relíquias: ossos, dentes e cabelo de "santos", pedaços de pano de suas vestes, tudo o que tinha estado em contacto com os seus corpos vivo ou morto. As mais valiosas eram, naturalmente, as de Maria e de Jesus.

Luigi Garlaschelli, professor de Química Orgânica na Universidade de Pavia, fez uma experiência científica com materiais e técnicas já existentes na Idade Média, esfregando um pigmento com traços de ácido num lençol de linho colocado sobre um voluntário.

De seguida o pigmento foi envelhecido artificialmente pelo cientista, que aqueceu e lavou o pano,  resultando numa imagem desfocada parecida com aquela que existe no sudário conservado na Catedral de Turim.

“Mostrámos que é possível reproduzir algo com as mesmas características do Sudário', disse Garlaschelli, cuja experiência reforça as dúvidas colocadas por testes de carbono 14 efectuados em 1988 em vários laboratórios. Nessa altura, a data de elaboração da falsa relíquia foi calculada como sendo entre 1260 e 1390.

A Igreja Católica não aponta o sudário como uma relíquia de Jesus Cristo. O Papa João Paulo II, a quem o objecto foi oferecido pela Casa de Sabóia, salientou que se trata de 'uma questão de fé'.

 Nota
É isto que as religiões têm de bom: é tudo uma questão de fé… 

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