terça-feira, junho 11, 2013

JUBIABÁ

Episódio Nº 39


No outro dia Balduíno ficou com Rozendo no mais escuro da escada. Pensava em chamar Jubiabá à noite. Mas, pelo meio da tarde, Viriato, o Anão, trouxe uma preta gorda.

Rosendo delirava e não a reconheceu. Ela se abraçou com ele e o levou. Foram. Foram num automóvel. António Balduíno perguntou:

 - Tem dinheiro, sinhá dona?

 - Pouco, mas dá com a ajuda de Deus…

Aí António Balduíno se lembrou do anel que trazia no pescoço:

 - A gente dá isso pra Rozendo… Pró médico…

Os outros olhavam com os olhos longos. A preta perguntou:

 - Vocês roubaram isto? Vocês são ladrões? Meu filho estava com ladrão?

 - A gente achou isso na rua…

 - A negra pegou no anel. António Balduíno ainda perguntou:

 - A senhora quer que eu leve Jubiabá a sua casa, ele cura Rosendo…

Você leva Jubiabá?

 - Levo, sim. Ele é meu amigo…

 - Ah! leve, meu bem. Leve…

Rosendo foi gritando no carro dizendo que queria a mãe dele, que ia morrer.

António Balduíno perguntou a Viriato.

 - Como foi que você encontrou ela?

 - O mais difícil é que ela não tava mais amigada com um carroceiro. Agora era um carpina…

Ficou olhando a rua que se movimentava. De repente disse a Balduíno:

 - E se eu ficar doente? Eu não tenho mãe, nem pai, nem ninguém…

António Balduíno botou a mão no ombro de Viriato., o Anão.

O Gordo tremia.


Jubiabá foi e curou Rosendo. Numa manhã de muito sol o grupo apareceu para visitar o companheiro. Rosendo já estava sentado numa cadeira que o padrasto construíra e riram muito recordando as aventuras do grupo.

Rozendo contou que não ia mais mendigar, que agora ia ser um homem e trabalhar de carpina com seu padrasto. António Balduíno sorriu. Viriato, o Anão, ficou sério.


O imperador da cidade come nos melhores restaurantes, anda nos automóveis mais luxuosos, mora nos arranha-céus mais novos. E sem pagar nada.

Depois do meio-dia vai com o seu grupo a um restaurante e diz qualquer coisa a um garçon. Ele bem sabe que não é negócio brigar com estes moleques. Dá a sobra da comida embrulhada em jornais.


Certas vezes até sobra comida que eles jogam nas latas do lixo. E velhos mendigos comem a sobra das sobras. 

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