domingo, junho 09, 2013

Santarém - Capital do Gótico
HOJE É

DOMINGO
(Na minha cidade de Santarém)





A austeridade é a forma pela qual os pobres pagam os erros dos ricos…

É esta a versão moderna de uma verdade muito antiga que respeita à qualidade da governação na vida dos povos. Noutros tempos, suportavam o desinteresse e desleixo dos seus reis que os faziam pagar com as vidas em guerras para satisfazer as suas ambições políticas e rivalidades pessoais e familiares.

 Então, o povo pouco ou nada interferia na escolha dos seus chefes e pensou-se que se um dia pudessem ser eles a escolher as coisas mudariam de figura.

A realidade mostra que hoje, como ontem, a qualidade da governação parece escapar-se à vontade dos povos mesmo quando são eles a escolher os governantes em eleições livres e democráticas. Vemos o que se está a passar na Grécia e aqui, no nosso país, e perguntamos o que é que os cidadãos fizeram de mal para serem castigadas desta maneira.

 - Por que são eles obrigadas a pagar dívidas que nunca contraíram nas suas vidas?

 - Por que ficam sem trabalho quando foram competentes e responsáveis no desempenho das suas funções?

 - Afinal, o que se lhes exige?

 - O que está no segredo do sucesso de um povo e explica o insucesso de outro ali ao lado?

 - Que crise é esta que varre, neste momento, a Europa até há bem pouco tempo rejubilante de bem-estar e convencida da sua superioridade em todos os domínios?

Até nós, portugueses, escondidos aqui na pontinha da península Ibérica, ignorados durante anos, para muitos considerados uma parte da Espanha – ainda me lembro de me terem mostrado, em 1956/7 o envelope de uma carta dirigida a um professor meu e remetida por um universitário italiano que referia no endereço: Lisboa – Espanha.

Mas até nós, dizia eu, tivemos um Prémio Nobel da Literatura, a Exposição Internacional de Lisboa em 1998 e recebemos no nosso país para trabalhar na construção civil europeus de países de Leste com cursos superiores…

Hoje, como se tivéssemos sido atingidos por maleita maldita, do tipo da “peste negra”, todos se foram embora… ficámos nós para lhe seguirmos agora as pisadas, os mais jovens e os melhores para futuros desconhecidos e, como sempre, os velhos e pensionistas, tristes e desalentados, que pasmam no banco dos jardins com as suas magras pensões…

Leio o que diz o notável sociólogo António Barreto: “A União Europeia criou novas oportunidades mas destruiu tradição e segurança”.

E Augusto Mateus, coordenador de um estudo sobre os 25 anos de Fundos Estruturais, refere à laia de conclusão: “Um semi-falhanço porque o tempo de uma geração não foi suficiente para tirar Portugal da condição de país da coesão”.

Nunca como agora ouvimos e lemos, tanto na televisão como nos jornais, a opinião de políticos, economistas, professores de Faculdade, ex-governantes: 1ºs ministros e ministros, todos eles preenchendo espaços de informação, rivalizando uns com os outros em mesas redondas nos vários canais e em simultâneo.

Fazem-me lembrar a conversa de comadres que perdem tempo infinito nos passeios e esquinas das ruas falando das suas maleitas…mas sem esperança de virem a melhorar.

Refugiam-se na coscuvilhice das telenovelas que monopolizam as audiências e na indecência moral e atentado ao bom gosto dos big brothers.

Os homens têm ainda as mesas redondas do futebol que, tal como as políticas, rivalizam igualmente entre si numa espécie de novo desporto que funciona hoje, cada vez mais, como uma válvula de escape, enquanto, embasbacados, olham a televisão esquecidos na sua triste existência, perdida a “tradição e a segurança", como diz o sociólogo António Barreto, precisando, apenas, de descobrir e embarcar nas "novas oportunidades" ganhando uma nova esperança.

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