segunda-feira, junho 17, 2013

SERÁ DEUS UM 
CONSOLO?   (Parte I)
(continuação)


Segundo o Dicionário, consolo é o alívio da dor ou do sofrimento mental.

Vamos dividi-lo em dois tipos:

1º - Consolo Físico Imediato

Um homem à noite, isolado num monte descampado, pode achar conforto num São Bernardo Grande e aconchegante, sem esquecer, claro, o barril de aguardente à volta do pescoço.

Uma criança que chora pode ser consolada pelos braços fortes que a envolvem e por palavras tranquilizadoras sussurradas ao ouvido.

2º Consolo pela descoberta de um facto antes descurado, ou uma forma antes desconhecida de encarar factos ocorridos.

Uma mulher cujo marido tenha sido morto na guerra pode ser consolada pela descoberta de que está grávida dele ou de que ele morreu como um herói. Também podemos retirar consolo da descoberta de uma nova forma de encarar uma dada situação.

Um filósofo faz notar que não há nada de especial no momento em que um velho morre. A criança que em tempos ele foi “morreu” há muito, não por ter deixado subitamente de viver, mas por ter crescido.

Cada uma das sete idades do homem, de que nos fala Shakespeare, “morre” lentamente ao transformar-se na seguinte. Deste modo, quando chega o momento do velho morrer não é diferente das “mortes” lentas que ele teve ao longo da vida.

Um homem que não se compraz com a perspectiva da própria morte poderá achar consoladora esta visão alternativa. Ou talvez não ache, mas em todo o caso este não deixa de ser um exemplo potencial de consolo através da reflexão.

Outro exemplo da rejeição do medo da morte foi formulada por Mark Twain: “Não tenho medo da morte. Estive morto durante milhões de milhões de anos antes de nascer, e não senti o mais pequeno incómodo por isso”.

Esta tomada de consciência em nada altera o facto de que a nossa morte é inevitável mas foi-nos oferecida uma maneira diferente de olhar para essa inevitabilidade que podemos achar consoladora.

Thomas Jefferson também não tinha medo da morte e não parece que acreditasse em nenhuma espécie de vida após a morte:

- Quando os seus dias começaram a aproximar-se do fim, por mais de uma vez, Jefferson escreveu aos seus amigos dizendo que era sem esperança nem medo que encarava o final o que era o mesmo que dizer, inequivocamente, que não era cristão.

Bertrand Russel, no seu ensaio de 1925 “Wahat I Believe”, “Aquilo em que Acredito”, dizia:

 - “Acredito que quando morrer vou apodrecer e nada do meu ego irá sobreviver. Não sou jovem e amo a vida… apesar de tudo, a felicidade só é verdadeiramente felicidade porque tem de ter um fim, do mesmo modo que o pensamento e o amor não valem menos por não serem eternos…”

(Richard Dawkins)
(continua)



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