segunda-feira, julho 22, 2013

Argumentos a favor da existência de Deus

Richard Dawkins – “A Desilusão de Deus”


Os argumentos para a existência de Deus têm sido objecto ao longo dos séculos, de codificações por parte dos teólogos e de contributos de muito mais gente.

As “provas” de Tomás de Aquino

As cinco provas formuladas por Tomás de Aquino no Séc. XIII nada provam, sendo fácil – embora hesite em dizê-lo, dada a eminência do autor – mostrar como são ocas.

As primeiras três são formas diferentes de dizer o mesmo, podendo ser avaliadas em conjunto. Todas elas implicam uma regressão infindável – a resposta a uma pergunta gere outra pergunta e assim sucessivamente, “ad infinitum”.

O motor imóvel

Nada se move sem um movimento prévio. Isto conduz-nos a uma regressão da qual a única fuga é Deus. Algo teve de provocar o primeiro movimento, e a esse algo chamamos Deus.


2º A causa sem causa

Nada se causa a si mesmo. Todo o efeito tem uma causa prévia, e uma vez mais somos forçados a retroceder – um recuo que tem de parar recorrendo a uma causa primeira, a que chamamos Deus.


3º O argumento cosmológico

Houve com certeza uma época em que não existiam coisas físicas. Mas, uma vez que hoje em dia elas existem, houve certamente algo não físico que lhes deu existência, e a esse algo chamamos Deus.


Estes três argumentos baseiam-se na ideia de uma regressão e invocam Deus para lhe pôr termo. Todos eles partem do princípio, em si mesmo não comprovado, de que o próprio Deus é imune à regressão.

Ainda que nos permitamos a dúbia extravagância de evocar arbitrariamente um ser para que venha acabar com uma regressão infinita e lhe darmos um nome, só porque precisamos de um, não há absolutamente razão alguma para dotar esse ser terminante de qualquer uma das propriedades normalmente atribuídas a Deus:

 - Omnipotência, omnisciência, bondade e criatividade de criação, para além de atributos humanos, como ouvir preces, perdoar pecados e ler os mais íntimos pensamentos.



Retomemos a lista de argumentos de Tomás Aquino:

4º O argumento da gradação

Apercebemo-nos de que as coisas no mundo, diferem entre si. Há graus de bondade, digamos, ou de perfeição. Mas só avaliamos esses graus comparando-os com um máximo.

Os humanos podem ser bons e maus, o que quer dizer que a bondade máxima não pode estar em nós. Assim sendo, tem de haver um outro máximo que estabeleça o padrão da perfeição, e a esse máximo chamamos Deus.
(continua)

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