Inimigo do Óptimo
Por que foi Cavaco Silva provocar este
inútil compasso de espera de uma semana se ele sabia, como todo o país sabia,
que este iria ser o desfecho das conversações?
Não creio, sequer, que tenha tido
qualquer surpresa quanto ao desfecho das negociações, conhecedor, como ninguém,
dos agentes políticos em Portugal, mas será o suficiente para escrever na sua
auto-biografia que tudo fez para salvar o país mas os partidos não permitiram.
Agora, já pode empossar o novo governo
de Passos Coelho que, quanto a mim, é melhor do que o anterior do ponto de
vista orgânico e de personalidades.
Tal como prevíamos na Sexta-Feira
passada, fica demonstrado que o “Bom” (entre aspas porque, na realidade, não é
Bom) não é inimigo do Óptimo.
O Presidente da República pretendeu o Óptimo
e agora fica de mãos vazias a queixar-se dos partidos que não se entenderam e,
das duas uma, ou dissolve a Assembleia e convoca eleições (o que parece
impossível depois do que disse no seu discurso…) ou, rapidamente, investe o
governo remodelado de Passos Coelho que tem maioria no Parlamento e não quer
demitir-se.
Não acredito que haja um qualquer outro
coelho a tirar da cartola a não ser o de Passos.
Ver Cavaco Silva em passeios ridículos,
numa situação como aquela em que estamos a viver, a anilhar passarinhos nas
Selvagens, não é deste mundo real… O que terá ele visto neles de semelhante ao
sorriso das vacas açorianas?
Para já, perdemos mais dinheiro nos
juros do dinheiro que pedimos emprestado mas isso não os aflige a eles. Quem
paga somos nós…
O PS e os partidos da coligação não se
entendem… prestes a afogarem-se que estivessem e, mesmo assim, iriam para o
fundo sem se entenderem… Eles pensam na sua sobrevivência, não na sobrevivência
do país.
Com algum exagero, é como diz Pacheco Pereira:
são 2 ou 3 mil empregos no Aparelho do Estado, Autarqui as,
Empresas Públicas etc… que estão em jogo para o partido que estiver no poder.
Lembremos que Passos Coelho, só no seu
Gabinete, tem mais de 50 e a maior parte deles ficará no desemprego se o Chefe
se for embora.
Estes líderes não prestam: não têm maturidade,
sensibilidade e honestidade política, craveira intelectual e, acima de tudo, sentido patriótico. Nem para uma situação de "vacas gordas " servem quanto mais para uma crise destas!
Já se viu, por ventura, que uma
remodelação de governo não tivesse sido resolvida no recato dos gabinetes em
vez de ver ministros a bater com a porta acompanhados de cartas ao país no
estilo de “meninos birrentos”como se a nação fosse o recreio de uma escola?
Os portugueses, por seu lado, vão
fazendo o que podem:
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Equi libraram, à força, a balança de
pagamentos, mesmo sem petróleo para exportar;
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Fizeram subir as exportações;
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Emigraram para baixarem a taxa de desemprego e aumentar as remessas dos
emigrantes e...
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Ainda não começaram por aí a partir vidros de lojas e a deitar fogo aos
caixotes de lixo.
A austeridade é uma falsa questão e tem
sido utilizada como arma de arremesso para baralhar os cidadãos. O Governo de
Passos Coelho em vez de fazer cortes nas Despesas do Estado que estivessem ao
serviço de uma Reforma pensada e explicada às pessoas, fez cortes às cegas,
apenas para economizar.
Fez descer a Despesa do Estado, é verdade, mas
deu um terrível tombo na economia e no emprego. O corte dos 4,7 mil milhões, ou
lá quanto é, será uma estupidez e cretinice se não for feito gradualmente ao
longo dos próximos anos e devidamente explicado. O contrário seria matar a
economia dando cabo dos consumidores e destruindo animicamente os portugueses.
As nossas vidas têm que ser reajustadas
às nossas “posses” mas depois de tantos erros e desmandos é preciso tempo,
inteligência e sensibilidade, fazendo-nos acreditar que a esperança é possível.
E, naturalmente, temos que falar com a
Europa, com os nossos credores, mas depois destes exemplos de mau comportamento
será que nos vão levar a sério?
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Talvez, eles também não se têm portado muito bem.
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