domingo, julho 14, 2013

Pai santo Jubiabá
JUBIABÁ

Episódio Nº 55



As “feitas” rodavam em torno dos ogans e a assistência reverenciava o santo pondo as mãos para ele, os braços em ângulos agudos, as palmas das mãos viradas para o orixalá:

 - Okê!

Todos gritavam:

 - Okê! Okê!

Os negros, as negras, os mulatos, o homem calvo, o Gordo, o estudante, toda a assistência animava o santo:

 - Okê! Okê!

Então o santo penetrou no meio das “feitas” e dançou também. O santo era Xangô, o deus do raio e do trovão, e trazia contas brancas pintalgadas de vermelho sobre o vestido branco.

Veio e referenciou Jubiabá que estava no meio dos ogans e era o maior de todos os pais de santo. Deu outra volta dançando e reverenciou o homem branco e calvo que estava ali por convite de Jubiabá.

O santo reverenciava curvando-se três vezes diante da pessoa, depois a abraçava apertando-lhe os ombros, e punha a cara ora de um lado ora de outro da do reverenciado.

A mãe do terreiro cantava agora:

 - Iya ri dé gbê ô

 - Afi dé si ómón Iôwô

 - Afi ilé ké si ómón Iérun

E ela estava dizendo que:

 - A mãe se enfeita de jóias

 - Enfeita de contas o pescoço dos filhos

 - E põe novas contas no pescoço dos filhos…

E os ogans e a assistência faziam o coro pronunciando uma onomatopeia que indicava o ruído das contas “que estavam todas a trincar”:

 - « - omirô wónrón wónrón ômirô

Foi quando Joana que já dançava como se estivesse em transe, foi possuída por Omolu, a deusa da bexiga.

E saiu da camarinha vestida de roupa multicor, onde predominava o vermelho vivo, as calças parecidas àquelas velhas ceroulas, as pontas bordadas aparecendo sob a saia.

O tronco estava quase nu, um pano branco amarrado nos
peitos. E os peitos de Joana era perfeito de beleza. Os seios duros e pontiagudos furando o pano.

Mas ninguém via nela a negrinha Joana. Nem António Balduíno via a sua amante Joana, que dormia sem sonhar no areal do cais do porto.

Quem estava ali de busto despido, era Omolu, a deusa terrível da bexiga. Da mãe do terreiro vinha a voz monótona saudando a entrada do santo:

« - Edurô dêmin Ionan ê yê!

Site Meter