O que estes dias mostraram foram imensas
razões de queixa contra um governo e os líderes dos partidos da coligação desde
a humilhação pública a que foi sujeito o Presidente da República com a notícia
da demissão irrevogável de Paulo Portas, uma hora antes da insólita tomada de
posse de Maria Luís Albuquerque como ministra das Finanças.
Depois, a pressão inaceitável sobre
Cavaco Silva com o acto público da remodelação da coligação, com o anúncio da
promoção de Paulo Portas a vice-primeiro-ministro, no momento preciso em que o
Presidente estava ainda na fase de avaliação e decisão. Isto, para além das
birras com cartas públicas de uns e outros a apoucar ex colegas de governo…
Mas o que estes dias também trouxeram ao
de cima, sem prejuízo dos factos atrás descritos, foi, mais uma vez, a
verdadeira natureza do político profissional Cavaco Silva: vingativo e
egocêntrico.
(Primeira parte do artigo do jornalista do DN Nuno Saraiva)
Nota – Há muitos
anos que aponto defeitos graves de carácter da pessoa de Cavaco Silva que
considero sonso, dissimulado, vingativo, arrogante, inculto, saloio, pensando
apenas em si, formal e institucionalista por conveniência e cobardia. Não é,
nem nunca foi, um homem do 25 de Abril, um democrata, mas aquele que mais
beneficiou em proveito próprio da liberdade e da democracia.
Estava no lugar certo, no momento certo,
rodeou-se das pessoas certas (Dias Loureiro, Oliveira e Costa, Duarte Lima,
Ferreira do Amaral, etc…) e o resto foi fruto da sua manhosice.
Foi ele
que em 1989 recusou conceder ao Capitão de Abril, Salgueiro Maia, grande
responsável, pela sua coragem, que o dia 25 de Abril não tivesse terminado num
banho de sangue, uma pensão por “Serviços Excepcionais e relevantes prestados
ao país”, depois de o Conselho Consultivo a ter aprovado por unanimidade, e
isto, quando ele já estava bastante doente. Entretanto, assinava os pedidos de
reforma de dois inspectores da PIDE, um dos quais, Óscar Cardoso, que se barricou
na sede da Maria António Cardoso de onde foram disparados tiros sobre a multidão
que festejava a liberdade.
Foi
igualmente um governo seu que vetou a candidatura de José Saramago a um Prémio
Literário europeu por considerar que o seu romance “Evangelho segundo Jesus
Cristo” era um ataque ao património religioso português… (tive já oportunidade de o ler é um livro que revela enorme sensibilidade e amor).
As
economias de cada um constituem um assunto privado de cada qual e não é isso
que está em causa mas, sendo assim, porque vem Cavaco Silva dizer em público, em Janeiro de 2011, que a sua mulher “tem uma reforma que não chega a 800 euros por mês e,
portanto, depende de mim. Eu tenho de trabalhar para ela.”
Vejam
agora a Declaração de Rendimentos de Maria Cavaco Silva:
- BCP: Conta à ordem nº 882022 (1ª Titular) - 21.297,61 Euros;
- Depósito a prazo: 350.000,00 Euros (vencimento04/04/2011);
- BPI: Conta à ordem nº 60933.5 - 6.557 Euros;
- Depósito a Prazo: 140.000,00 Euros (juro 2,355%,vencimento em 21/02/2011);
- Depósito a Prazo: 70.000.00 Euros (juro 2.355%,vencimento em 20/03/2011).
- PPR: 52.588,65 Euros;
- Acções detidas:
BPI - 6287;
BCP - 70.475;
BRISA - 500;
COMUNDO - 12;
ZON – 436;
Jerónimo Martins - 15.000;
- Obrigações BCP FINANCE: 330 unidades (Juro Perpétuo 4.239%);
FUNDOS DE INVESTIMENTO:
- Fundo AVACÇÕES DE PORTUGAL - 2.340 unidades;
- Milenium EURO CARTEIRA - 4.324.138 unidades;
- POJRMF FUNDES EURO BAND EQUITY FUND - 118.841.510 unidades !!!!
- Mas, afinal, que palavra é esta de um homem
que é o Presidente da República do meu país e que durante mais anos tem tido o
poder?
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