quarta-feira, julho 17, 2013

MONOTEÍSMO
(Parte IV)

Richard Dawkins – “A Desilusão de Deus”




Pelas declarações transcritas no texto anterior ficou perfeitamente claro que os Pais Fundadores da América, Jefferson, Adams, Madison, agnósticos ou ateus, eram igualmente defensores de que as opiniões religiosas de um Presidente eram exclusivamente da sua conta. Por isso, ficariam perfeitamente horrorizados com a resposta que George Bush pai deu ao jornalista Robert Sherman quando este lhe perguntou se reconhecia como iguais o patriotismo e a cidadania dos americanos ateus:

 - «Não, não acho que os ateus devam ser considerados cidadãos, nem que devam ser considerados patriotas. Esta é uma só nação, sob a protecção de Deus».

Basta substituirmos a palavra ateus por judeus, muçulmanos ou negros e teremos a medida do preconceito e da descriminação que os ateus norte-americanos têm de suportar hoje em dia.

Mas o isolamento dos ateus na América do Norte, como faz pressupor as afirmações de Bush pai é uma ilusão propositadamente cultivada pelo preconceito. Eles são nos E.U.A, em número muito maior do que as pessoas fazem ideia.

Eles são, por exemplo, mais numerosos, de longe, do que os judeus religiosos, no entanto, é notório que o lóbi judaico é um dos mais tremendamente influentes em Washington.

O que poderiam conseguir os ateus norte-americanos se estivessem devidamente organizados?

Tom Flynn, director do jornal Free Inquiry, é convincente ao afirmar: “Se os ateus se sentem sós e oprimidos só temos de nos culpar a nós próprios. Numericamente somos fortes. Vamos começar a fazer valer o nosso peso.”

No seu admirável livro Atheist Universe, David Miller conta uma história que, caso se tratasse de ficção, por certo consideraríamos uma caricatura irrealista da intolerância policial:

 - Um desses curandeiros que dizem curar pela fé um cristão que dirigia uma «cruzada milagreira» ia á cidade natal de Mills uma vez por ano.

Entre outras coisas estimulava os diabéticos a deitarem fora a insulina e as pessoas que sofriam de cancro a desistirem da quimioterapia, incentivando em vez disso, a rezar por um milagre,

Num gesto sensato Mills decidiu organizar uma manifestação pacífica para avisar as pessoas. Contudo, cometeu o erro de ir à polícia informar os agentes da sua intenção e pedir protecção policial para o caso de possíveis ataques por parte dos apoiantes do curandeiro.

Por azar, o agente, estava a pensar ir à concentração e fazia intenções de cuspir na cara de Mills quando este passasse à sua frente…

Tentou um segundo agente que lhe disse se algum dos apoiantes do curandeiro, confrontasse Mills com violência, prenderia Mills por “tentar interferir na obra de Deus”.


Regressou a casa desiludido mas decidiu telefonar para a Polícia para falar com um superior, um sargento, que lhe disse:«Vá pró inferno, amigo. Não espere que a gente aqui na polícia façamos protecção a um maldito de um ateu. Espero é que alguém dê cabo de si».

Abundam os episódios de idêntico preconceito contra os ateus e é praticamente impossível que um ateu sincero ganhe eleições nos E.U. A.

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