terça-feira, julho 16, 2013

O famigerado penico que era despejado das janelas dos palácios
Hábitos de 

Higiene nos 

Séculos XV e 

XVI





Nem é bom falar… não existiam escovas de dentes, perfumes, desodorizantes e muito menos papel higiénico. Historicamente, os primeiros produtos que aparecem com funções de sabão datam de 2.800 A.C, na Mongólia. Conhece-se uma tábua de argila datada de 2.200 a.c. com uma fórmula de sabão que continha água, alcali e óleo de canela-da-china.

Os antigos egípcios banhavam-se regularmente combinando óleos animais e vegetais com sais alcalinos para criar uma substância semelhante ao sabão.

Na Europa, o sabão apenas foi inventado no Século XVI mas a sua utilização generalizada só começou no século XIX. Até lá, e durante muito tempo, foi  uma época de porcaria em que as fezes e urinas humanas eram atiradas das janelas dos palácios e os leques usavam-se, não por causa do calor mas para afastar os maus cheios que exalavam de baixo dos vestidos que era compridos e pesados de propósito  para reterem os odores das partes íntimas que quase nunca eram lavadas,

As pessoas não tomavam banho porque não havia água corrente, nem aquecimento nos quartos. Usava-se uma banheira gigante cheia de água quente para toda a família.

O primeiro, era o chefe da família e depois os restantes homens da casa por ordem de idades. A seguir, as mulheres, igualmente por ordem da idade. Por fim, as crianças sendo os bebés os últimos. Quando chegava a vez deles a água já estava tão suja que se podia perder o bebé. Daqui, aquele dito: “despejar o bebé com a água do banho”.

Na Idade Média a maioria dos casamentos realizavam-se no início do Verão pelo facto do primeiro banho do ano ter sido em Maio e em Junho o cheiro das pessoas ainda se tolerava.

Mesmo assim, como alguns odores já começavam a incomodar, as noivas levavam ramos de flores ao seu lado nas carruagens para disfarçar os maus cheiros. Assim nasceu a tradição do ramo de flores da noiva.

Os jardins de Versailhes são enormes, belíssimos, um verdadeiro regalo para os olhos mas na época eram mais utilizados como retretes do que admirados.

Não havia casas de banho e nas festas, pomposas, oferecidas pelo rei, juntavam-se sempre quantidades infindáveis de pessoas.

Os tetos das casas não tinham forro e debaixo das vigas de madeira criavam-se cães, gatos, ratos e outros. Quando chovia muito a água das goteiras forçava os animais a descerem ao piso inferior nascendo a expressão tipicamente anglo-saxónica: «chover cães e gatos».

Os mais ricos tinham pratos de estanho e certos alimentos oxidavam este material que, juntamente com a falta de higiene da época, levava a que muita gente morresse envenenada.

Com os copos acontecia o mesmo pois o contacto com o wisky ou a cerveja fazia com que as pessoas ficassem num estado narcoléptico, sonolência irresistível, produzida tanto pela bebida como pelo estanho.

Quem visse alguém nesse estado pensaria que estava morto e preparava-lhe o funeral. O corpo era colocado em cima da mesa da cozinha durante alguns dias acompanhado da família que comia e bebia esperando que o “morto viesse a si”.

Foi esta a origem do velório que hoje se faz junto do cadáver.

Foi nesta época, também por motivos idênticos, que surgiu a ideia de ligar ao punho do defunto um fio, passá-lo por um orifício do caixão e ligá-lo a uma sineta no exterior da campa.

Se o indivíduo não estivesse morto só tinha que puxar o fio. A sineta tocava e ele era desenterrado porque, durante uns dias, ficava sempre um familiar junto à campa.

Daqui a expressão: «salvo pela campainha» que muita gente julga que tem a ver com o boxe. A realidade é mais macabra…

Por todos estes motivos e muitos outros, estes tempos não me suscitam nenhum desejo de recriação… para além do enorme alívio por ter nascido uns séculos mais tarde.

A maior "porcaria" destes tempos, porém, foi a Inquisição que sujou para sempre a memória de uma igreja que montou, com a cobertura de Deus, uma poderosa máquina de horrores. Não há sabão ou detergente que a consiga limpar...

Site Meter