Episódio Nº 119
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Ficou na mão…
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Isso mesmo. Foi quando apareceu por lá um circo… Grande Circo Internacional… De
um patrício meu chamado Giusepe… Fez dinheiro na Baía. Mas ele tava muito
atrapalhado devendo o que não tinha.
Eu peguei, entrei para sócio… Um negócio
desgraçado… Temos andado por todos os buracos… Perl a Madona! O circo não dá
nada… Tem um despesão cachorro… Dinheiro não entra. Está quase falido.
Luigi abanou as mãos e contou detalhes.
António Balduíno disse:
-
Tá o diabo…
Mas Luigi mirava-o novamente e falava.
-
Mas eu tenho uma ideia que é capaz de mudar as coisas… Preciso de você.
-
De mim, velho? Eu nunca fui artista de circo…
- Também não era jogador de boxe e eu te
fiz.
Sorriram ambos recordando tempos
passados. E quando se levantaram da mesa do café, António Balduíno estava
contratado pelo Grande Circo Internacional como lutador.
O negro passou junto do chofer e avisou:
-
Não me boto mais para a Baía, mano…
-
As mulheres não deixa… - riu o chofer.
- Quem sabe? - e o negro piscou o olho.
O contrato verbal que fizera com Luigi
afirmava que ele teria casa, comida e dinheiro quando houvesse dinheiro. Mas
dinheiro era coisa que não fazia falta ao negro António Balduíno.
A tabuleta ainda estava estendida no
chão. Lia-se em grandes letras azuis:
GRANDE CIRCO INTERNACIONAL
E ao lado da tabuleta
Giusepe dormia como um porco. Luigi avisou:
- Tá bêbedo… Anda sempre assim…
Empurrou-o com o pé. Ele
murmurou palavras incoerentes:
- Peço silêncio… É a hora do salto mortal… Uma
palavra e o grande trapezista… perderá… a vida…
Homens abriam buracos no
chão. Outros montavam as arqui bancadas.
Trabalhavam todos, artistas, empregados, mata-cachorros.
Luigi levou o negro para a
sua barraca. E a primeira coisa que viu foi o seu retrato em posição de lutador
como saira num jornal da Baía.
Luigi arriou-se em cima da
cama (que não passava de um divã que também entrava em cena com o homem cobra)
e continuou a explicar a António Balduíno:
- Cinco contos para quem ganhar… Não aparece
ninguém, você vai ver…
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