terça-feira, outubro 22, 2013

A N.ª S.ª de Fátima


Conta-se aquela história de um sacerdote que morreu e foi para o céu e chegado lá viu uma criança a chorar. Quis saber quem era e perguntou. Responderam-lhe que aquela criança era o menino Jesus.

E porque chora ele tanto? -  Voltou a perguntar. Porque a sua mãe anda sempre fora em visitas à Terra em aparições por todo o mundo: Fátima, Lourdes, Garanbadal, Medjugorge, Cuapa, Ostina, Manduria, Arizona, La Rosa Mística… a lista é interminável.

Agora foi a vez da sua escultura, a pedido do Papa, sair da capelinha das aparições e ir a Roma. Em mais de 90 anos e pela 12ª vez ela deixou a Cova da Iria.

É uma crença oficial, a de que Maria, mãe de Jesus, aparece às pessoas na terra, que a igreja católica certifica e difunde activamente. A primeira destas aparições mais parece ter sido um caso de ubiquidade (conseguir estar em dois lados diferentes em simultâneo).

 Maria, ainda em vida, no ano 39, teria aparecido ao evangelista Santiago (também apóstolo e, na realidade, seu filho, irmão de Jesus) que nessa data estaria a pregar o Evangelho em Zaragoza, Espanha.


Desde então para cá as aparições contabilizadas pela Igreja católica em vinte séculos somam mais de quinhentas. Nas últimas décadas do século XX chegaram ao Vaticano informações de 1.500 aparições em mais de 30 países do mundo. Aprovadas oficialmente foram apenas umas 20, entre elas, Guadalupe, no México, Lourdes, em França e Fátima em Portugal.


É curioso que depois das “aparições” as imagens, pinturas e esculturas que aparecem é de Maria, senhora branca, loura, com traços ocidentais, quase sempre vestida de branco e azul, cores que ela nunca vestiu na sua vida pois era uma pessoa pobre, camponesa que vestia cores pardas enquanto que o azul e o branco estavam apenas reservados para as mulheres ricas de Jerusalém que as podiam comprar.

Por outro lado, as intervenções desta Maria “aparecida” são sempre de apoio à doutrina e devoções oficiais da Igreja católica e nunca de apoio às mensagens inovadoras e ensinamentos de seu filho, como seria normal.

Insistem sempre nos mesmos pontos: construam uma igreja, rezem o Terço, façam sacrifícios para a salvação do mundo e advertências sobre o inferno quando, Jesus questionava as rezas repetidas, enfrentou os sacerdotes, não ia aos templos, recusou sacrifícios e nunca pregou sobre o inferno.

No dia em que o sol brilhou, na sexta “aparição” de Maria em Fátima, Outubro de 1917, ocorreu o milagre do sol anunciado três meses antes.

 Segundo as crónicas da época, 70.000 pessoas na Cova da Iria e outros milhares 40 milhas em redor, numa manhã de chuva torrencial viram a chuva cessar e aparecer o sol que depois de dar três voltas sobre si mesmo desceu vertiginosamente sobre a terra para regressar depois à sua posição inicial. Este prodígio demorou uns dez minutos.

O Director do Laboratório Astronómico de Lisboa declarou aos jornalistas: “Se fosse um fenómeno cósmico os Observatórios Astronómicos tê-lo-iam detectado com exactidão” mas a Igreja reconheceu oficialmente este fenómeno como um milagre.

Praticamente, toda a história oficial do que aconteceu em Fátima nesse dia e desde que começaram as “aparições” foi extraída da memória de Lúcia (criança muito viva e imaginativa) já que os irmãos, Francisco e Jacinta, morreram muito jovens pouco tempo depois destas ocorrências.

 Lúcia, já adolescente, entrou para um convento (ou foi metida...) onde aprendeu a ler e a escrever. Vinte anos depois destes acontecimentos em Fátima, Lúcia recebeu do Bispo de Leiria, José Alves Correia da Silva, ordem para contar tudo por escrito. Em finais de 1935 um texto com as primeiras memórias depois do qual escreveu mais cinco versões. Estes escritos são a única fonte para conhecer a história oficial de Fátima.

Em algumas das suas mais recentes “aparições”, Maria começou a falar sobre o aborto, um tema que é obsessivo para a hierarquia católica.

Os videntes de Oliveto, Itália (1985), a vidente Mike Siate, do Texas (1988), a vidente coreana Júlia Kim (1985), o vidente dos E.U. John Dorwns, todos eles manifestam grandes preocupações com o aborto a ponto de estar a surgir uma nova devoção nos EU. que está alastrando à América Latina:

 - “O Terço dos Não Nascidos”em que cada conta do Rosário é uma lágrima com um feto inserido.

O historiador mexicano Rodrigues Martinez Baracs afirma algo que não só se aplica às “aparições” de Nª. Sª. de Guadalupe como igualmente a todas as outras aparições.

Diz ele:


- “A questão é a maneira como a Igreja Católica se relaciona com a verdade, com a ciência, com esse sentido do real e do verdadeiro que compartilhamos com todos os seres humanos para além dos nossos credos ou nacionalidades. Ao obstinar-se num “aparicionismo” estreito e mal provado, a Igreja Católica encerra-se em si mesma, procurando crescer e fortalecer-se, para se separar das outras religiões da maltratada comunidade humana”.

O “aparecionismo” católico reforça-se continuamente. Há interesses tanto ideológicos como financeiros atrás de cada uma das aparições. Durante o seu Pontificado o Papa João Paulo II apoiou activamente as fraudulentas “aparições” de Medjugorje, em terras croatas convertendo, dessa forma, esse lugar num centro nevrálgico financeiro de uma empresa multinacional, de acordo com as investigações do escritor britânico David Yallop no seu livro “O Poder e a Glória”.


Em 2007, o Vaticano fez-se sócio de uma Linha Aérea, Mistral Air, que se dedica a transportar peregrinos desde Roma para os santuários marianos de Lourdes (França), Fátima (Portugal), Guadalupe (México) e Czestochowa (Polónia).

 Os aviões vão pintados com as cores papais, branca e amarela e levam a bordo assistentes que durante as viagens animam os peregrinos com preces e cânticos.

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