Evangelii Gaudium
(continuação)
(continuação)
Não à nova
idolatria
do dinheiro
Uma das causas desta situação está na relação
estabelecida com o dinheiro, porque aceitamos pacificamente o seu domínio sobre
nós e as nossas sociedades. A crise financeira que atravessamos faz-nos
esquecer que, na sua origem, há uma crise antropológica profunda: a negação da
primazia do ser humano.
Criámos
novos ídolos. A adoração do antigo bezerro de ouro encontrou uma nova e cruel
versão no fetichismo do dinheiro e na ditadura duma economia sem rosto e sem um
objectivo verdadeiramente humano.
A
crise mundial, que investe as finanças e a economia, põe a descoberto os seus
próprios desequi líbrios e sobretudo
a grave carência duma orientação antropológica que reduz o ser humano apenas a
uma das suas necessidades: o consumo.
Enquanto
os lucros de poucos crescem exponencialmente, os da maioria situam-se cada vez
mais longe do bem-estar daquela minoria feliz. Tal desequi líbrio
provém de ideologias que defendem a autonomia absoluta dos mercados e a
especulação financeira.
Por
isso, negam o direito de controle dos Estados, encarregados de velar pela
tutela do bem comum. Instaura-se uma nova tirania invisível, às vezes virtual,
que impõe, de forma unilateral e implacável, as suas leis e as suas regras.
Além
disso, a dívida e os respectivos juros afastam os países das possibilidades
viáveis da sua economia, e os cidadãos do seu real poder de compra. A tudo isto
vem juntar-se uma corrupção ramificada e uma evasão fiscal egoísta, que
assumiram dimensões mundiais.
A ambição do poder e do ter não conhece limites. Neste sistema que tende a englobar tudo para aumentar os benefícios, qualquer realidade que seja frágil, como o meio ambiente, fica indefesa face aos interesses do mercado divinizado, transformados em regra absoluta.
A ambição do poder e do ter não conhece limites. Neste sistema que tende a englobar tudo para aumentar os benefícios, qualquer realidade que seja frágil, como o meio ambiente, fica indefesa face aos interesses do mercado divinizado, transformados em regra absoluta.
(continua)
NOTA - As palavras continuam a ser do Papa Francisco e como se pode concluir as injustiças e as desigualdades que se agravam no mundo, são não só denunciadas como também explicadas.
É um sistema montado pelo poder financeiro em todo o mundo que o favorece sem que os poderes políticos, aprisionados por ele, consigam opor-se-lhe eficazmente.
Não é preciso chamar Deus nem o Diabo. Eles não têm nada a ver com isto. É um problema dos homens e das sociedades.
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