quarta-feira, dezembro 04, 2013

Evangelii Gaudium

(continuação)


Não à nova idolatria 
do dinheiro

 

Uma das causas desta situação está na relação estabelecida com o dinheiro, porque aceitamos pacificamente o seu domínio sobre nós e as nossas sociedades. A crise financeira que atravessamos faz-nos esquecer que, na sua origem, há uma crise antropológica profunda: a negação da primazia do ser humano.

Criámos novos ídolos. A adoração do antigo bezerro de ouro encontrou uma nova e cruel versão no fetichismo do dinheiro e na ditadura duma economia sem rosto e sem um objectivo verdadeiramente humano.

A crise mundial, que investe as finanças e a economia, põe a descoberto os seus próprios desequilíbrios e sobretudo a grave carência duma orientação antropológica que reduz o ser humano apenas a uma das suas necessidades: o consumo.



Enquanto os lucros de poucos crescem exponencialmente, os da maioria situam-se cada vez mais longe do bem-estar daquela minoria feliz. Tal desequilíbrio provém de ideologias que defendem a autonomia absoluta dos mercados e a especulação financeira.

Por isso, negam o direito de controle dos Estados, encarregados de velar pela tutela do bem comum. Instaura-se uma nova tirania invisível, às vezes virtual, que impõe, de forma unilateral e implacável, as suas leis e as suas regras.



Além disso, a dívida e os respectivos juros afastam os países das possibilidades viáveis da sua economia, e os cidadãos do seu real poder de compra. A tudo isto vem juntar-se uma corrupção ramificada e uma evasão fiscal egoísta, que assumiram dimensões mundiais.

A ambição do poder e do ter não conhece limites. Neste sistema que tende a englobar tudo para aumentar os benefícios, qualquer realidade que seja frágil, como o meio ambiente, fica indefesa face aos interesses do mercado divinizado, transformados em regra absoluta.

(continua)




NOTA - As palavras continuam a ser do Papa Francisco e como se pode concluir as injustiças e as desigualdades que se agravam no mundo, são não só denunciadas como também explicadas.

É um sistema montado pelo poder financeiro em todo o mundo que o favorece sem que os poderes políticos, aprisionados por ele, consigam opor-se-lhe eficazmente.

Não é preciso chamar Deus nem o Diabo. Eles não têm nada a ver com isto. É um problema dos homens e das sociedades.

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