terça-feira, fevereiro 18, 2014

A SUIÇA

OS IMIGRANTES

 E OS REFERENDOS



Uma parte da população suíça, um pouco mais de metade, votou em referendo fechar a porta aos imigrantes europeus impondo-lhes cotas de entrada desrespeitando, assim, o acordo de livre circulação negociado com a União Europeia.

Desde o início dessa livre circulação o desemprego estabilizou nos 3%, os salários aumentaram e o PIB cresceu cerca de 2%. Comparados estes dados com os dos restantes países da União Europeia bem se pode dizer que a Suíça é um oásis mas, tal facto, não obstou a que o partido populista SVP, tenha convencido o governo a referendar a ideia de impedir a livre circulação de pessoas entre a Suíça e a EU de forma a estabelecer cotas aos imigrantes e à mão-de-obra estrangeira.

Os referendos são apresentados como expressão máxima da democracia quando, no fundo, não passam de uma solução populista, demagógica, que explora os sentimentos primários das pessoas tais como o medo e a xenofobia.

A democracia não é isso. Ela assenta na escolha de governantes eleitos em liberdade e no respeito integral das regras estabelecidas para as essas eleições. Os governos saídos dessas eleições é que têm a obrigação de tomar as decisões e não passá-las para os cidadãos em referendos de resultados manipuláveis numa de “lavar as mãos”.

Os referendos correspondem a uma desresponsabilidade dos parlamentos e dos governos reduzindo a pó as instituições próprias do Estado. Não, esta moda do referendo que vem mascarada de amadurecimento democrático não passa de um subterfúgio táctico na luta partidária.

No caso da Suíça é importante assinalar que a convergência à volta do “não” por parte dos sindicatos, patrões e partidos moderados não tenha conseguido ganhar um referendo com tanta importância económica para o país.

Há forças políticas na Europa que têm que rever a forma como estão organizadas e fazem política para não parecer que se trata do brilhantismo dos populistas.

E agora, em jeito de castigo, a Comissão Europeia suspendeu a negociação de dois importantes programas com a Suíça: o Horizonte 2020 e o Erasmus.

O primeiro é o grande quadro de funcionamento europeu dedicado à área da investigação e o segundo é o famoso programa para estudantes a ser agora também aplicado a intercâmbios laborais.

... Enfim, quando se decide com base em paixões virais da condição humana: o medo (de perder privilégios) e a ganância (ter as vantagens dos acordos com a EU), o resultado não pode ser bom.

Resta, no entanto, fazer uma última pergunta: - serão só os suíços, na Europa, a quererem sol na eira e chuva no nabal?...  

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