OS IMIGRANTES
E OS REFERENDOS
Uma parte da população suíça, um pouco mais de metade, votou em referendo fechar a porta aos imigrantes europeus impondo-lhes cotas de entrada desrespeitando, assim, o acordo de livre circulação negociado com a União Europeia.
Desde o
início dessa livre circulação o desemprego estabilizou nos 3%, os salários
aumentaram e o PIB cresceu cerca de 2%. Comparados estes dados com os dos
restantes países da União Europeia bem se pode dizer que a Suíça é um oásis
mas, tal facto, não obstou a que o partido populista SVP, tenha convencido o
governo a referendar a ideia de impedir a livre circulação de pessoas entre a Suíça
e a EU de forma a estabelecer cotas aos imigrantes e à mão-de-obra estrangeira.
Os
referendos são apresentados como expressão máxima da democracia quando, no
fundo, não passam de uma solução populista, demagógica, que explora os
sentimentos primários das pessoas tais como o medo e a xenofobia.
A democracia
não é isso. Ela assenta na escolha de governantes eleitos em liberdade e no
respeito integral das regras estabelecidas para as essas eleições. Os governos
saídos dessas eleições é que têm a obrigação de tomar as decisões e não passá-las
para os cidadãos em referendos de resultados manipuláveis numa de “lavar as mãos”.
Os
referendos correspondem a uma desresponsabilidade dos parlamentos e dos
governos reduzindo a pó as instituições próprias do Estado. Não, esta moda do
referendo que vem mascarada de amadurecimento democrático não passa de um
subterfúgio táctico na luta partidária.
No caso da Suíça
é importante assinalar que a convergência à volta do “não” por parte dos
sindicatos, patrões e partidos moderados não tenha conseguido ganhar um
referendo com tanta importância económica para o país.
Há forças
políticas na Europa que têm que rever a forma como estão organizadas e fazem
política para não parecer que se trata do brilhantismo dos populistas.
E agora, em
jeito de castigo, a Comissão Europeia suspendeu a negociação de dois
importantes programas com a Suíça: o Horizonte 2020 e o Erasmus.
O primeiro é
o grande quadro de funcionamento europeu dedicado à área da investigação e o
segundo é o famoso programa para estudantes a ser agora também aplicado a
intercâmbios laborais.
... Enfim,
quando se decide com base em paixões virais da condição humana: o medo (de
perder privilégios) e a ganância (ter as vantagens dos acordos com a EU), o
resultado não pode ser bom.
Resta, no entanto, fazer uma última pergunta: - serão só os suíços, na Europa, a quererem
sol na eira e chuva no nabal?...
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