sexta-feira, fevereiro 07, 2014

Deu-lhe Quincas uma cabeçada, a imana começou.
A MORTE
E A MORTE
DE QUINCAS
BERRO
DÁGUA

Episódio Nº 32






Enquanto o Cabo Martim, diplomata irresistível, cochichava no balcão com o proprietário estupecfato ao ver Quincas Berro Dágua no melhor de sua forma, os demais sentaram-se para uma abrideira de apetite por conta da casa, em homenagem ao aniversariante.

 O bar estava cheio: uma rapaziada sorumbática, marinheiros alegres, mulheres na última lona, choferes de caminhão de viagem marcada para Feira de Santana naquela noite.

A peleja foi inesperada e bela. Parece realmente verdade ter sido Quincas o responsável. Sentara-se ele com a cabeça reclinada no peito de Quitéria, as pernas estiradas.

Segundo consta, um dos rapazolas, ao passar, tropeçou nas pernas de Quincas, quase caiu, reclamou com maus modos. Negro Pastinha não gostou do jeito do fumador de maconha.

Naquela noite, Quincas tinha todos os direitos, inclusive o de estirar as pernas como bem quisesse e entendesse. E o disse. Não tendo o rapaz reagido, nada aconteceu então.

Minutos depois, porém, um outro, do mesmo grupo de maconheiros, quis também passar. Solicitou a Quincas afastar as pernas. Quincas fez que não ouviu. Empurrou-o então o magricela, violento, dizendo nomes.

Deu-lhe Quincas uma cabeçada, a inana começou. Negro Pastinha segurou o rapaz, como era seu costume, e o atirou em cima de outra mesa. Os companheiros da maconha viraram feras, avançaram.

Daí em diante, impossível contar. Via-se apenas, em cima de uma cadeira, Quitéria, a formosa, de garrafa em punho, rodando o braço. Cabo Martim assumiu o comando.

Quando a refrega terminou com a total vitória dos amigos de Quincas, a quem se aliaram os choferes, Pé-de-Vento estava com um olho negro, uma aba do fraque de Curió fora rasgada, prejuízo importante.

E Quincas encontrava-se estendido no chão, levara uns socos violentos, batera com a cabeça numa laje do passeio. Os maconheiros tinham fugido. Quitéria debruçava-se sobre Quincas, tentando reanimá-lo.

Cazuza considerava filosoficamente o bar de pernas para o ar, mesas viradas, copos quebrados. Estava acostumado, a notícia aumentaria a fama e os fregueses da casa.

Ele próprio não desgostava de apreciar uma briga.

Quincas reanimou-se mesmo foi com um bom trago. Continuava a beber daquela maneira esquisita: cuspindo parte da cachaça, num desperdício. Não fosse dia de seu aniversário e cabo Martim chamar-lhe-ia a atenção delicadamente. Dirigiram-se ao cais.

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