Negro burro. Nem sabe o que é mulher bonita. |
A MORTE
E A
MORTE
MORTE
DE
QUINCAS
BERRO
DÁGUA
Episódio Nº 27
Negro Pastinha recolheu no canto do
quarto as velhas roupas do amigo, vestiram-no e reconheceram-no então:
– Agora, sim, é o velho Quincas.
Sentiam-se alegres. Quincas parecia
também mais contente, desembaraçado daquelas vestimentas incómodas.
Particularmente grato a Curió, pois os sapatos apertavam-lhe os pés.
O camelô aproveitou para aproximar sua
boca do ouvido de Quincas e sussurrar-lhe algo sobre Quitéria. Pra que o fez?
Bem dizia Negro Pastinha que aquela
conversa sobre a rapariga irritava Quincas. Ficou violento, cuspiu uma golfada
de cachaça no olho de Curió. Os outros estremeceram, amedrontados.
– Ele se danou.
– Eu não disse?
Pé-de-Vento terminava de vestir as
calças novas, cabo Martim ficara com o paletó. A camisa, Negro Pastinha
trocaria, num botequi m conhecido,
por uma garrafa de cachaça. Lastimavam a falta de cuecas. Com muito jeito, cabo
Martim disse a Quincas:
– Não é para falar mal, mas essa sua
família é um tanto quanto económica. Acho que o genro abafou as cuecas...
– Unhas-de-fome... – precisou Quincas.
– Já que você mesmo diz, é verdade. A
gente não queria ofender eles, afinal são seus parentes. Mas que pão-durismo, que
sumiticaria... Bebida por conta da gente, onde já se viu sentinela desse jeito?
– Nem uma flor... – concordou Pastinha.
– Parentes dessa espécie eu prefiro não ter.
– Os homens, uns bestalhões. As
mulheres, umas jararacas – definiu Quincas, preciso.
– Olha, paizinho, a gorducha até que
vale uns trancos... Tem uma padaria que dá gosto.
– Um saco de peidos.
– Não diga isso, paizinho. Ela tá um
pouco amassada mas não é pra tanto desprezo. Já vi coisa pior.
– Negro burro. Nem sabe o que é mulher
bonita.
Pé-de-Vento, sem nenhum senso de
oportunidade, falou:
– Bonita é Quitéria, hein, velhinho? O
que é que ela vai fazer agora? Eu até...
– Cala a boca, desgraçado! Não vê que
ele se zanga?
Quincas, porém, nem ouvia. Atirava a
cabeça para o lado do cabo Martim, que pretendera subtrair-lhe, naquela horinha
mesmo, um trago na distribuição da bebida. Quase derruba a garrafa com a
cabeçada.
– Dá a cachaça do paizinho... – exigia
Negro Pastinha.
– Ele estava esperdiçando – explicava o
Cabo.
– Ele bebe como qui ser.
É um direito dele.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home