"Lara", a Eva Negra, mãe de toda a humanidade. |
A EVA NEGRA
Todos nós nos apercebemos que aquela história do Adão e Eva que nos foi impingida ao longo dos séculos não passou de um truque muito baixo por parte dos homens para subjugarem e humilharem as mulheres.
Eles eram os mais fortes, tinham a força, as armas, os exércitos e não precisavam de mais nada para exercerem esse domínio... mas sempre foram precisas justificações, as mais estapafúrdias, para justificar as injustiças.
Castigar as mulheres por terem desobedecido a Deus e comido a maçã, fonte da sabedoria, quando eles estavam tão bem vivendo no paraíso constituiu o pecado original a merecer punição eterna...
Expulsos, o homem teve que suportar também o castigo que, em boa verdade, só pertencia à mulher pecadora...
E, no entanto, ao longo de todo o paleolítico ela tinha sido a companheira respeitada, responsável, com a ajuda dos filhos, por mais de 60% dos alimentos trazidos para os acampamentos.
Então, não havia religiões. O xamã, que tanto podia ser homem como mulher, intercedia junto dos vários poderes da natureza, com as suas magias e rituais.
Mas há, contudo, algo de verdadeiro na história da Eva como mãe de toda a humanidade.
A genética ensinou-nos que os seres humanos modernos não
nasceram em nenhum paraíso bíblico com árvores proibidas e serpentes
tentadoras. Em vez disso, nascemos em África há cerca de 150.000 anos depois de
uma evolução de outras centenas de milhares de anos a partir de humanos mais
primitivos que, por sua vez, evoluíram durante milhões de anos de hominídeos
primitivos que, por sua vez, evoluíram de primatas…
Num determinado momento, há cerca de
100.000 anos, aqueles primeiros humanos modernos, que não foram expulsos de
nenhum paraíso, encetaram, em busca de alimento e também pela aventura, a
primeira migração fora de África (antepassados seus, não humanos modernos, já o
teriam feito em épocas mais remotas).
Foram para a Europa e para a Ásia e
milhares de anos depois cruzaram as estepes geladas do norte do planeta para
povoar a América.
As investigações genéticas baseadas
no ADN mitocondrial – presente em todas as células do nosso corpo e apenas
herdadas das nossas mães – indicam que naquela primeira migração da humanidade
só participou um dos 13 clãs humanos que povoaram originariamente o continente
africano. Aquele único clã de aventureiros e aventureiras era constituído por
um número muito pequeno de homens e de mulheres e alguns cientistas chamam-lhe
o “Clã de Lara” e consideram que descendemos todos de uma
única mulher que, poeticamente, baptizaram de “Lara”. Esta mulher negra é a
verdadeira Eva da Humanidade.
Esta teoria, denominada de Eva Negra
ou Eva Mitocondrial está explicada de uma maneira ampla e bela pelo geneticista
britânico Bryan Sykes (Prof. de Genética da Universidade de Oxford e que
publicou a sua 1ª pesqui sa sobre ADN
de restos arqueológicos no Jornal Nature em 1989) num livro que estuda as
origens da humanidade intitulado: “As Sete Filhas de Eva” (Editorial Debate,
2001).
Temos África no Nosso Sangue
Como Bryan Sykes, outro geneticista de Oxford, Richard Dawkins fala assim do nosso
berço africano:
Temos
a África no nosso sangue, África tem os nossos ossos, todos somos africanos.
Isto faz com que o
ecossistema de África seja objecto de um singular fascínio. Trata-se da
comunidade que nos moldou, a comunidade de animais e plantas na qual realizamos
a nossa aprendizagem ecológica. Mas, mesmo que não fosse ele o nosso continente
de origem, África cativar-nos-ia por ser o último grande refúgio de ecologias
pleistocénicas (compreendidas ente 1.806.000 e 11.500 anos atrás,
aproximadamente.)
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