sexta-feira, abril 25, 2014

Revolução

dos Cravos

25 de Abril de 1974





Quarenta anos depois da Revolução dos Cravos e Portugal, por ironia do destino, está e continuará na mão dos credores... É uma situação humilhante assistir à entrada no país de uns senhores que a mando Troyka nos dizem que depois das acentuadas reduções de salários e pensões que já sofremos ainda falta cortar mais.

A França, li no jornal de hoje, vai também cortar nas pensões e congelar salários porque tanto lá como cá o que se pretende é diminuir os Deficits Orçamentais muito rapidamente porque mais importante do que as pessoas, o objectivo são os números a baterem certo... numa autêntica inversão de valores que hoje se regista no mundo.

Fui buscar o exemplo da França, como poderia ter falado da Irlanda, da Grécia, ou outros onde também se registaram cortes em salários e pensões sem que nesses países tivessem ocorrido quaisquer revoluções.

No entanto, ainda existem certos sectores aqui no nosso país que insistem em estabelecer uma ligação entre as dificuldades porque passamos agora e a Revolução dos Cravos de 1974.

Eu sei que em 2014 a percentagem de concidadãos meus que se lembram do que era viver antes de 1974 já começa a ser reduzida, cerca de 30%, mas é necessário lembrá-lo para os outros para que não se julgue que a humilhação que nos é imposta pela presença dos senhores da troyka, hoje, não tinha paralelo com outras formas de humilhação muito mais graves que tinham lugar dentro do nosso próprio país e por compatriotas nossos.

Um deles, conheci eu, inspector da PIDE, que “empossado” de um poder arbitrário e prepotente se permitiu, gritando pelo telefone, ameaçar-me e insultar-me apenas porque, no exercício das minhas funções, não tinha cometido uma ilegalidade para servir os seus interesses pessoais... Sem esquecermos que os senhores da troyka fomos nós que os chamámos em 2011 para que nos emprestassem dinheiro para o Estado poder continuar a funcionar.

Hoje temos medo do futuro mas ele está nas nossas mãos, com sacrifícios é certo, mas que nada têm a ver com uns energúmenos que entravam em nossas casas a qualquer hora da noite ou do dia sem serem convidados para nos prender e silenciar.

É indigno haver hoje compatriotas nossos que passam fome com as suas famílias e vêm com desespero fugir para sempre, nas suas vidas, a possibilidade de ter uma actividade útil e remunerada na sua terra, como se tal fosse uma espécie de fatalidade do nosso povo...

Mas eu posso abrir hoje o jornal e ler toda a espécie de notícias e de opiniões e à mesa do Café ou do Restaurante, com os meus amigos, posso expressar aquilo que me vai no pensamento sem ter que baixar a voz e lançar olhares de soslaio desconfiados.

A maior parte dos portugueses não conheceu nem viveu a privação da liberdade e muito menos foi vítima das agressões da PIDE e da Censura, por isso não lhe dá o valor que ela tem.

Hoje, o grande medo, é o de perder o emprego, aqueles que o têm, e aqui, também nos esquecemos ou não vivemos os sacrifícios de outrora, da fome daqueles que sempre foram pobres, das fronteiras atravessadas a salto e das mortes e feridos nas emboscadas e minas das estradas do Império.

Somos um pequeno e frágil país e neste mundo globalizado onde tudo é diferente do antigamente pouco ou nada podemos mudar mas está nas nossas mãos sermos mais honestos nos negócios do Estado, menos corruptos, mais competentes, mais atentos e sensíveis na distribuição dos sacrifícios e aqui, meus amigos, só podemos apelar para nós próprios...

Viva o 25 de Abril, Viva a liberdade, Viva a democracia! 

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