dos Cravos
25 de Abril de 1974
Quarenta anos depois da Revolução dos Cravos e Portugal, por ironia do destino, está e continuará na mão dos credores... É uma situação humilhante assistir à entrada no país de uns senhores que a mando Troyka nos dizem que depois das acentuadas reduções de salários e pensões que já sofremos ainda falta cortar mais.
A França, li no jornal de hoje, vai
também cortar nas pensões e congelar salários porque tanto lá como cá o que se
pretende é diminuir os Deficits Orçamentais muito rapidamente porque mais
importante do que as pessoas, o objectivo são os números a baterem certo... numa autêntica inversão de valores que hoje se regista no mundo.
Fui buscar o exemplo da França, como
poderia ter falado da Irlanda, da Grécia, ou outros onde também se registaram
cortes em salários e pensões sem que nesses países tivessem ocorrido quaisquer
revoluções.
No entanto, ainda existem certos
sectores aqui no nosso país que insistem em estabelecer uma ligação entre as
dificuldades porque passamos agora e a Revolução dos Cravos de 1974.
Eu sei que em 2014 a percentagem de
concidadãos meus que se lembram do que era viver antes de 1974 já começa a ser
reduzida, cerca de 30%, mas é necessário lembrá-lo para os outros para que não
se julgue que a humilhação que nos é imposta pela presença dos senhores da
troyka, hoje, não tinha paralelo com outras formas de humilhação muito mais
graves que tinham lugar dentro do nosso próprio país e por compatriotas nossos.
Um deles, conheci eu, inspector da PIDE,
que “empossado” de um poder arbitrário e prepotente se permitiu, gritando pelo telefone,
ameaçar-me e insultar-me apenas porque, no exercício das minhas funções, não
tinha cometido uma ilegalidade para servir os seus interesses pessoais... Sem
esquecermos que os senhores da troyka fomos nós que os chamámos em 2011 para
que nos emprestassem dinheiro para o Estado poder continuar a funcionar.
Hoje temos medo do futuro mas ele está
nas nossas mãos, com sacrifícios é certo, mas que nada têm a ver com uns
energúmenos que entravam em nossas casas a qualquer hora da noite ou do dia sem
serem convidados para nos prender e silenciar.
É indigno haver hoje compatriotas nossos
que passam fome com as suas famílias e vêm com desespero fugir para sempre, nas
suas vidas, a possibilidade de ter uma actividade útil e remunerada na sua
terra, como se tal fosse uma espécie de fatalidade do nosso povo...
Mas eu posso abrir hoje o jornal e ler
toda a espécie de notícias e de opiniões e à mesa do Café ou do Restaurante,
com os meus amigos, posso expressar aqui lo
que me vai no pensamento sem ter que baixar a voz e lançar olhares de soslaio
desconfiados.
A maior parte dos portugueses não
conheceu nem viveu a privação da liberdade e muito menos foi vítima das agressões da PIDE e da Censura, por isso não lhe dá o valor que
ela tem.
Hoje, o grande medo, é o de perder o emprego, aqueles que o têm, e aqui, também nos esquecemos ou não vivemos os sacrifícios de outrora, da fome daqueles que sempre foram pobres, das fronteiras atravessadas a salto e das mortes e feridos nas emboscadas e minas das estradas do Império.
Hoje, o grande medo, é o de perder o emprego, aqueles que o têm, e aqui, também nos esquecemos ou não vivemos os sacrifícios de outrora, da fome daqueles que sempre foram pobres, das fronteiras atravessadas a salto e das mortes e feridos nas emboscadas e minas das estradas do Império.
Somos um pequeno e frágil país e neste
mundo globalizado onde tudo é diferente do antigamente pouco ou nada podemos mudar mas está
nas nossas mãos sermos mais honestos nos negócios do Estado, menos corruptos,
mais competentes, mais atentos e sensíveis na distribuição dos sacrifícios e aqui , meus amigos, só podemos apelar para nós
próprios...
Viva o 25 de Abril, Viva a liberdade, Viva
a democracia!
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