Alan Geenspan |
O Âmago
da Crise
Vamos
recordar o que disse Alan Geenspan, a personalidade mais importante das
finanças mundiais, sobre o que esteve no âmago da crise financeira.
O antigo Presidente da Reserva
Federal Americana, Alan Geenspan, que esteve durante 18 anos à frente daquele
poderoso organismo até Janeiro de 2006, e cuja voz era ouvida religiosamente
por todos os que tinham de tomar decisões importantes no mundo das finanças,
veio mais tarde, em declarações prestadas numa Audiência na Câmara dos Representantes,
reconhecer que, afinal, sempre esteve enganado sobre a capacidade dos
responsáveis das entidades bancárias de defenderem os interesses dos
respectivos accionistas e da própria sobrevivência das instituições que
superintendiam, admitindo que errou por ter confiado na auto regulação dos
mercados.
O testemunho deste homem,
profundamente envelhecido, até há pouco o todo poderoso do mundo da finança nos
EUA, foi algo de patético e se esta crise tem um rosto era aquele, certamente.
Acreditou-se num “homem” que, na
realidade, não existe nem nunca existiu e uma sociedade que se estrutura numa
base irrealista está destinada a surpresas muito desagradáveis.
Foi assim nos regimes comunistas com
os resultados conhecidos e está a ser agora quando se deixou “à rédea solta pessoas que foram praticamente livres
para actuarem e decidirem num sector de actividade que era vital para todos
nós.
O “homem” é intrinsecamente egoísta e
desonesto, que é uma das formas de ser egoísta, e portanto não se espere dele aqui lo que não está na sua natureza e por isso, em
sociedade, o homem tem de se defender de si próprio.
Richard Dawkins, no seu livro “O Gene
Egoísta” escreveu:
- “Este livro pretende, acima de tudo,
ser interessante, mas se alguém qui ser
extrair dele uma moral, que seja lido como um aviso.
Saibam que, se desejarem, tal como
eu, construir uma sociedade na qual os indivíduos cooperem generosa e
desinteressadamente para o bem-estar comum, não poderão contar com a ajuda da
natureza biológica.
Tentamos ensinar generosidade e
altruísmo porque nascemos egoístas.
Compreendamos o que pretendem os
nossos próprios genes egoístas, para que possamos ter a oportunidade de
frustrar as suas intenções, uma coisa que nenhuma outra espécie alguma vez
aspirou a fazer.
Os nossos genes podem programar-nos
para sermos egoístas, mas não somos obrigados necessariamente a obedecer-lhes,
simplesmente, ser-nos-á mais difícil aprender o altruísmo do que seria se
estivéssemos geneticamente programados para sermos altruístas.”
Pensem naquelas centenas ou milhares
de pessoas que em todo o mundo tinham a liberdade de tomar decisões, legais ou
de legalidade duvidosa, no desempenho dos seus cargos nas instituições
bancárias onde trabalhavam;
Pensem nos muitos milhões de clientes
de bancos, que lhes confiam os seus depósitos ou que aceitam empréstimos porque
lhos concedem mas admitindo, interiormente, que têm pouca probabilidade de os
pagarem.
Pensem nos muitos outros milhões que
vivem permanentemente endividados porque não aceitam um nível de vida com
despesas dentro dos seus orçamentos apenas porque se julgam com direito a terem
e a usufruírem daqui lo que vêm no
vizinho.
Em todos estes casos temos
manifestações de egoísmo e não estamos, de certo, a pensar nos outros… apenas a
obedecer à nossa natureza egoísta.
É preciso saber isto, a ciência da
biologia e da genética ensina-nos sobre o homem, não apenas para vivermos mais
tempo e com mais saúde, mas também para nos conhecermos melhor naqui lo que é a nossa verdadeira natureza e o Aviso foi
feito por Richard Dawkins.
Parece, no entanto, que nas coisas
importantes da vida só conseguimos aprender à nossa custa, a nível individual,
muitas vezes já tarde de mais, no que respeita à sociedade, parece que
aprendemos no momento mas, normalmente, mais tarde voltamos ao erro.
Não está ao nosso alcance corrigir a
nossa própria natureza que é o resultado de um processo evolutivo de muitos
milhões de anos, mas somos dotados de inteligência e conhecimentos que nos
permitem defender do risco que representamos para nós próprios.
Nós,
portugueses, temos casos graves de bancos fraudulentos e muita gente enganada
porque, ela própria, também se julgava com direito a ganhar mais dinheiro que
os outros e isso aconteceu também com a Dª Branca e vai acontecendo todos os
dias por esse país fora.
José
Oliveira e Costa, do BPN, ouvido por uma Comissão de Deputados no Parlamento,
reconhecia pacificamente que ganhar dinheiro tornou-se numa volúpia que se apossara dele e à qual não conseguiu resistir.
A
lição não foi tirada completamente porque os dispositivos de fiscalização,
controle e regulação bancários, não são completamente eficazes.
O Director do Banco de Portugal, à altura, Victor Constâncio, reconheceu ingenuamente que nunca desconfiara dele até por ter sido anteriormente um alto funcionário do próprio Banco de Portugal.
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