sexta-feira, maio 02, 2014

"Anos de chumbo" no Brasil
UMA

LIÇÃO

DE

HISTÓRIA







6. VIRAGEM DOS ANOS 70

(continuação Parte XIX)



A história começa a acelerar. O tempo dos ciclos diminui de milénios para períodos de 200 anos, 100, 50 e agora apenas de quartel...

A expressão “anos de chumbo” foi aplicada inicialmente a um fenómeno da Europa Ocidental, relacionado com a Guerra Fria e com a estratégia da tensão.

Designa o período compreendido aproximadamente entre o pós-1968 e o fim dos anos 1970, na Alemanha, ou meados dos anos 1980, na França e na Itália — anos marcados por violência política, guerrilha revolucionária armada e terrorismo de extrema esquerda e de extrema direita, bem como pelo endurecimento do aparato repressivo dos estados democráticos da Europa Ocidental.

Posteriormente a expressão passou a designar esse período de radicalização política, também fora da Europa — particularmente nos do “cone Sul”.


Por quê esta expressão de “anos de chumbo”?


O uso expressão "anos de chumbo" para designar o período foi adotado em vários países, inclusive no Brasil, e deriva do título do filme "Die Bleierne Zeit" (em português, literalmente, "Tempos de chumbo"), de 1981, da cineasta alemã Margarethe Von Trotta.
O filme valeu-lhe o Leão de Ouro do Festival Internacional de Cinema de Veneza e é inspirado na história das irmãs Christiane e Gudrun Ensslin:
 - Gudrun era da liderança do Baader-Meinhof e morreu - assim como Andreas Baader, Ulrike Meinhof, Holger Meins e Jan-Carl Raspe - dentro da prisão de segurança máxima de Stammheim, em 1977.

No Brasil, os Anos de Chumbo corresponderam ao período mais repressivo da ditadura militar no Brasil, estendendo-se basicamente do fim de 1968, com a edição do AI-5 em 13 de Dezembro daquele ano, até o final do governo Médici, em Março de 1974, embora alguns reservem esta expressão de “anos de chumbo” apenas para o governo de Médici que se destacou pelo feroz aparelho repressivo policial-militar do Estado, eventualmente apoiado por organizações paramilitares e grandes empresas, tendo como pano de fundo, o contexto da Guerra Fria.
Durante esse período, houve o desaparecimento e morte de centenas de militantes civis e activistas envolvidos em actividades consideradas subversivas pelo governo militar ditatorial.
Outros desses militantes foram obrigados a viver na clandestinidade ou pedir asilo político em outros países. Nessa época, a liberdade de imprensa, de expressão e manifestação foram cerceadas.
Alguns veículos, como a Rede Globo e a editora Manchete, são acusados de terem compactuado com o governo, na tentativa de transmitir a imagem de que uma revolução não estava em curso enquanto que a imprensa que se opunha ao militarismo tinha de driblar a Censura para fazer uma crítica velada ao governo em veículos como o jornal Pasquim, entre outros.
Os "Anos de Chumbo" foram também os anos do chamado "milagre económico brasileiro", período de intenso crescimento económico e de posterior endividamento.
De 1968 a1973 o PIB do Brasil cresceu acima de 10% ao ano, em média, apesar da inflacção, que oscilou entre 15% e 20% ao ano, e da grande concentração dos rendimentos, com redução dos salários reais, acentuada desigualdade social e aumento da pobreza, com cerceamento dass liberdades individuais associado à repressão política. 

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