sexta-feira, maio 16, 2014

Oiça com atenção esta conversa muito interessante e curiosa sobre o livro de Caim de José Saramago




Demos as voltas que dermos, ouçamos as discussões que ouvirmos, sejam com quem for, ou entre quem for, o resultado é sempre o mesmo: acredita-se em Deus apenas pela necessidade de acreditar, uma necessidade inscrita de há muito no nosso cérebro. Todos aqueles que deixaram de sentir essa necessidade, que eu interpreto como uma espécie de libertação, mostram estranheza, não compreendem porque os crentes acreditam e estes, por sua vez, interrogam-se como é possível haver pessoas que não acreditam...

O acreditar, como questão de fé, esteve ligado à nossa própria sobrevivência. No nosso cérebro há um espaço só para ele. Hoje, as verdades dogmáticas, são cada vez menos aceites, as pessoas querem perceber, entender e tudo quanto está ligado a Deus não se entende e ele próprio,  Deus,conceito vago, difuso, como que fica "pendurado" dentro da nossa "cabeça". Afinal, para quê? A ciência explicou quase tudo sobre a vida e os cientistas não param de pesquisar... até que chegamos ao "princípio" aonde o padre Carreira das Neves diz: "eu vejo, eu sinto lá Deus!" e Saramago pergunta: "Qual Deus?..."

A Bíblia? - É uma criação metafórica escrita ao longo dos tempos para nos dar conta das tensões sociais, políticas e religiosas da época. José Saramago lê o que lá está. Carreira das Neves que estudou a fundo os contextos culturais, sociais, religiosos e políticos do longo período histórico em que ela foi escrita,  consegue ler o que eles quiseram  dizer mas que não está lá escrito. Por isso, ele apela para as "notas de roda pé", para os preâmbulos, para os muitos livros que se escreveram sobre a Bíblia para comprovar que esses milhares e milhares de livros escritos, bibliotecas completas, só existem porque não é possível, sobre a Bíblia, fazer uma leitura literal à José Saramago.


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