Já lhe examinara o Comandante os dedos, não usava aliança. |
OS VELHOS
MARINHEIROS
Episódio Nº 84
- É mais do que filho... - disse o
deputado.
- O que é, então? - qui s saber a de covinhas.
- Lhe digo no ouvido ...
- No meu... - reclamou a morena.
Sussurrou-lhe algo Othon, a boca colada à orelha da morena, ela tapou o riso
com a mão, escandalizada:
- Que horror, que homem impossível...
- O que foi que ele disse? Conte...
Vasco cumprimentava com a cabeça a dama
do pequi nês, vítima do diálogo das
artistas e do deputado. Ela sorriu respondendo, mas logo seus olhos viram o
grupo do comandante, voltou as costas, num movimento brusco. Vasco inqui etou-se, desejava ir ajudá-la a armar a
espreguiçadeira. A franzina estava a lhe perguntar:
- O senhor também acha?
- O que, senhorita?
- Isso que o Dr. Othon está dizendo...
- Não sei o que é... Dêem-me licença,
por favor.
Saía apressado, aproximava-se da dama,
tomava da cadeira, que ela não conseguia armar, com um braço ocupado em
carregar o pequi nês.
- Permita-me, minha senhora...
Ela agradeceu:
- Tomando trabalho... Muito obrigada.
- Foi um prazer, acredite... Mas
sente-se, por favor. Sentava-se, punha o animal no colo, ele mostrava os dentes
ao comandante, rosnava.
Vasco encostou-se ao balaústre, em
frente.
- Quieto, Jasmim, respeite o Comandante...
- Ele não gosta de mim...
- É assim com todo mundo, a princípio.
Tem ciúmes de mim. Depois acostuma.
E, com a voz trocista e um pouco
enfadada:
- Suas amigas estão reclamando sua
ausência, Comandante. Veja como nos olham e falam a nosso respeito...
O comandante espiou para o lado das
artistas e do deputado, estavam rindo, a franzina piscou-lhe o olho.
- Não são minhas amigas. Acabei de lhes
ser apresentado.
- São artistas, dizem. De terceira ordem,
com certeza. Parecem mais mulheres da vida, desde o Rio é esse escândalo, os
homens todos em redor delas. Esse tal de Dr. Othon então não se afasta um
minuto. Parece que não existe mais ninguém a bordo.
- Não é possível, a senhora exagera,
certamente. Com a senhora a bordo, como pode alguém olhar outra mulher?
- Comandante, pelo amor de Deus... O
senhor até me deixa sem jeito.
- Vai ficar também em Recife?
- Vou até Belém. Vivo lá... - e
suspirou.
Já lhe examinara o comandante os dedos,
não usava aliança.
- Foi passear no Rio?
- Passar uns tempos em casa de minha
irmã. O marido dela é engenheiro no Ministério da Viação.
- Não qui s
ficar vivendo lá?
- Não podia, a casa é muito cheia, têm
cinco filhos. Vivo com meu irmão, em Belém. É casado também, mas só tem dois
filhos...
- E a senhora?
- Eu? - voltou o rosto, perdeu-se seu
olhar no horizonte. - Não qui s
casar...
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