Eu vi-o. Estava mesmo ali... |
OS OVNIS
- Você acredita em Ovnis?
- Você acredita que seres extra-terrenos, mentalmente superiores,
num estado civilizacional muito mais adiantado que o nosso, navegando em seus
discos voadores, andam por aí espiando-nos às escondidas numa atitude a fazer lembrar
o voyeirismo?
Por mim, à medida que vou vivendo e os anos se vão
somando vou ficando cada vez mais céptico como se a capacidade de acreditar se
fosse gastando com a própria vida.
Acho que é um processo natural… Tempo houve em que
acreditar foi preciso, especialmente quando era novo:
-Acreditar que íamos sobreviver à guerra das Africas e
regressar são e escorreito;
-Acreditar que a namorada que nos esperava no Cais da
Rocha de Conde de Óbitos estava roída de saudades, deserta por nos fazer
felizes para sempre;
-Acreditar que a vida nos ia sorrir e que os projectos
se iam concretizar: uns, engenheiros de obra feita, outros, doutores de consultório
a abarrotar de clientes e de prestígio, respeitabilidade e, quem sabe… com o dinheiro ganho, talvez uma “bibenda”com
piscina, relvado, uma cadeira de espreguiçar, óculos Ray-Band e um copo de
Whisky e…claro, um bom carro, que os havia bonitos nessa altura, então sim,
verdadeiro sinal exterior de riqueza pois eram poucos os que lhe podiam chegar.
- E lembram-se do 25 de Abril? - O que ele nos fez acreditar?
- E o 1ºde Maio
de 74?
Quando sorríamos
uns para os outros porque acreditámos, nesse dia, que éramos todos irmãos,
companheiros ou camaradas, para já não falar da justiça, da igualdade e da
solidariedade…
- E lembram-se do José Manuel Barroso, o que trocou o seu país por um cargo na Europa? - O que ele teve
que acreditar para, aos 19 anos, ser Maoísta e as coisas em que teve de deixar
de acreditar para poder ser, mais tarde, Presidente da Comunidade Europeia?
Mas regressemos aos Ovnis porque senão esta prosa
corre o risco de fazer lembrar aquela deliciosa peça de Tcheckov,”Os Malefícios
do Tabaco”, em que um homem transformado à força pela mulher em conferencista
sobe ao palco para falar dos malefícios do tabaco mas a sua vida privada
sobrepõe-se ao tema da conferência e acaba por desabafar sobre os 30 anos de
maus-tratos infligidos pela esposa.
Eu nunca acreditei em Ovnis mas alimentei por eles
alguma curiosidade que hoje já estou longe de sentir… mais uma vez deve ser da
idade.
Também nunca tive a sorte (?) de ver qualquer
manifestação desse género o que, no meu caso, não é de admirar porque eu nunca
vejo nada... distraído como sou.
Mas há pessoas que vivem intrigadas por estes fenómenos, algumas afirmam mesmo ter visto sinais no céu, "luzes esquizitas"...
Mas nos princípios dos anos setenta, no período da
guerra-fria, dos espiões, das teorias da conspiração e da quase certeza que
nenhum governo falava verdade registava-se um estado de espírito favorável a
acreditar em tudo e naturalmente em Ovnis.
Quem tirou especial proveito dessa generalizada tendência
para acreditar foi o Sr.Erich Von Daniken, suíço, gerente de um estabelecimento
hoteleiro e que acreditava tanto em seres extra-terrestres quanto desacreditava
nos homens que o precederam uns milhares de anos aqui na terra.
Acusando-os de incompetentes, acabados de sair da
idade da pedra, nunca teriam sido capazes de ser os autores de obras magníficas como as pirâmides do Egipto, ou as da cultura Maia, ou o monumento de Stonehenge,
etc…
Para ele, só a intervenção dos extra-terrestres as podem explicar e até mesmo as nossas
principais religiões teriam sido por eles inspiradas depois de os termos confundido
com deuses.
Em todas as inscrições deixadas em grutas ou nas
paredes dos monumentos, o Erick “via” sinais da presença dos extra-terrestres
mas “escondia” aquelas outras que não lhe interessavam como a pormenorizada
descrição em desenho deixada pelos egípcios mostrando como faziam o transporte
das enormes pedras utilizadas na construção das pirâmides.
Pois bem, este senhor, possuído de todo este delírio,
escreveu 29 livros, traduzidos em 32 línguas e vendeu 63 milhões de cópias, uma
das quais a mim, no ano de 1973, que lá ficou pela cidade da Beira, em
Moçambique, para baralhar a cabeça dos camaradas da Frelimo...
Ficou milionário, já se vê, e construiu nos States,-
onde havia de ser?... - um Parque Temático denominado Mistery Park, que reproduz
monumentos antigos e oferece espectáculos de raios laser que são um regalo para
a vista.
Tem hoje os seus seguidores que também vão escrevendo
uns disparates mas sem o impacto e o proveito do Erick.
De resto, nesse aspecto de proveito, tivemos agora um
outro Erick, o Dan Brown, que apresentou como verdadeira uma história em que
Maria Madalena, discípula, casa com Jesus Cristo, o Mestre, de quem tem dois filhos que após a morte
do pai são trazidos para a Europa e dão origem à dinastia dos Merovíngios, etc., etc., e tudo em Código porque, sendo assunto altamente confidencial, tinha que estar em código... mas não tanto que tivesse conseguido escapar à infinita perspicácia do Dan Brown...
Mas ainda sobre Ovnis temos os Encontros Imediatos de
3º grau que em grande parte dos casos, a atender pelos relatos feitos pelos
humanos intervenientes, não passaram de experiências exploratórias de carácter
sexual por parte dos E.T. o que, na opinião de um senhor professor de História,
ou será de "histórias da carochinha", americano, fazem parte de um Programa de Procriação
de Híbridos tendo em vista o futuro domínio do planeta Terra pelos Extra-Terrestres.
Como se vê, tudo muito científico…
E a propósito de científico fui procurar saber o que
pensam os cientistas sobre este assunto:
-Michael Rowan-Robison, astrónomo do Imperial College
London:
Na Galáxia Penso que estamos sós. Na
Galáxia, em termos de Civilizações avançadas, muito embora, planetas com vida
bacteriana devam haver muitos mas com pessoas, como nós, provavelmente não, estamos
sozinhos”.
O Dr. Jerry Joyce, do Instituto de S. Diego, que tem
acesso a toda a literatura científica e participa em todas as Comissões
relevantes sobre este assunto é peremptório:
- “Não há prova credível que este planeta
tenha sido visitado por vida extra-terrestre”
O Prof. David William, astroquímico, afirma:
…”Essa hipótese é disparatada, essas
visitas estão na mente de quem as observa e não são acontecimentos físicos
reais”.
O Prof. Paul Davis, astrofísico, emite a seguinte
opinião:
- “É muito improvável que haja um contacto directo entre
formas de vida inteligente do género de uns homenzinhos verdes com naves
espaciais confrontarem-nos em carne e osso porque essa não seria a forma
sensata de comunicar”.
O Físico britânico, Frank Close, refugia-se no senso
comum e diz o seguinte:
- “ Se acreditamos que há muitas formas de vida
inteligente tem que se explicar então porque nenhuma delas conseguiu entrar em
contacto connosco. Penso que não entram porque não estão lá para entrarem”.
Mas está a ser feito um esforço sério pelos cientistas
para tentarem esses contactos. Há 40 anos um grupo chamado SETI (Procura de
Inteligência Extraterrestre) montou, à volta do mundo, Radiotelescópios que
escutam o Universo no espectro rádio na banda de 1 a 3 gigahertz, tentando
captar ondas rádio que se deslocam no espaço à velocidade da luz mas, reparem
só, uma onda rádio, mesmo à velocidade da luz levaria, do ponto mais longínquo da
nossa galáxia até nós, 100.000 anos.
Isto significa que só podemos ambicionar as “chamadas
locais”porque as de longa distancia estão fora de questão.
Supondo que a nossa Galáxia corresponde, em tamanho, a
todo o Continente Europeu, o nosso sistema de escutas só é operacional para um
raio de 10 a 15 Km ou seja, de Santarém ao Cartaxo.
Até à data, ao longo de 40 anos, apanharam-se dois
sinais, mas falsos, na Austrália. Um deles era do micro-ondas de uma vizinha
que estava a fazer chá e o outro era, efectivamente, do espaço mas era nosso,
de uma nave que tínhamos enviado.
Resumindo, o Universo à nossa volta está calmo e
silencioso.
Porque não aproveitar então estes momentos de sossego
para resolver, enquanto temos tempo e disponibilidade para o fazer, os graves
problemas dos terráqueos e, já agora, por que não desfrutar igualmente de tanta
coisa linda que aqui ainda vamos tendo?
Este texto dedico-o a todas as pessoas que amam as belezas da Terra e que, à noite, gostam de olhar o céu, não à procura de "luzinhas esquizitas" mas de inspiração romântica que os torne mais felizes, cá, no nosso mundo.
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