que sejam palavras de esperança em homens melhores no futuro... |
A Razão
e a Fé
Quando esta manhã me dirigi à livraria habitual para comprar o meu jornal, sim, porque eu sou dos resistentes que ainda compra o jornal diariamente, vi em cima do balcão um livro, pequeno, da autoria do Papa Francisco cujo título era a Razão e a Fé e saí da loja a pensar, sinceramente, a que espécie de Razão estaria o bom do Francisco a referir-se.
Senão, vejamos, ele é o responsável
máximo de uma Igreja que assenta numa doutrina que fala de:
. Um homem que há mais de 2.000 nasceu
de uma virgem sem a intervenção de um pai biológico;
. Esse mesmo homem sem pai voltou à vida
depois de morto e enterrado há três dias;
. Quarenta dias depois, o homem sem pai
subiu ao cume de um monte e o seu corpo desapareceu nos céus;
. Se murmurarmos pensamentos na intimidade
da nossa cabeça, o homem sem pai e o “próprio “pai” (que é também ele próprio)
ouvirá os nossos pensamentos e poderá agir em conformidade com eles. Ele
consegue escutar os pensamentos de todas as pessoas do mundo ao mesmo tempo.
. Se fizermos alguma coisa de mal ou de
bem, esse homem sem pai vê tudo, ainda que mais ninguém o veja. Podemos ser
recompensados ou castigados, conforme o caso, mesmo depois da nossa morte.
. A mãe virgem do homem sem pai não
chegou a morrer porque, por via da “assunção”, acedeu directamente ao céu em
corpo.
. O pão e o vinho, quando consagrados
por sacerdote (que tem de ter testículos), “transformam-se” no corpo e no
sangue do homem sem pai.
Naturalmente, todos sabemos que a
religião é assunto de fé e quem sente necessidade de acreditar, acredita mesmo nas coisas mais
inverosímeis... mas querer “vender” a fé juntamente com a razão é que
não tem cabimento.
Por outro lado, o Papa Francisco não tem
nenhuma hipótese de apelar à razão em questões de fé porque elas não são miscíveis,
tal como a água e o azeite, para além de que as ovelhas do seu rebanho até
agradecem que não fale dela... só lhes perturbaria a cabeça porque os pontos
que atrás referi, base da doutrina da sua Igreja, não se compreendem, não se
percebem à luz de qualquer Razão, destinam-se apenas a ser acreditados.
Martinho Lutero, responsável pelo Cisma
da Igreja Católica, que ao seu tempo era mais Papista que o Papa a ponto de ter
rompido com ele, para quem era Bíblia e só Bíblia, fé e só fé, Cristo e só
Cristo, como diz o padre Carreira das Neves, tinha perfeita consciência de que a razão era arqui -inimiga
da religião e muitas vezes advertiu para os seus perigos:
-
“A Razão é a maior inimiga da fé; nunca vem em auxílio
das coisas espirituais, e as mais das vezes luta contra o Verbo divino, tratando
com desprezo o que emana de Deus”.
E noutro passo:
- “Quem qui ser ser
cristão deve arrancar os olhos à sua própria razão”. E mais adiante:
- “A razão deve
ser destruída em todos os cristãos”.
Lutero foi, sem dúvida, um astuto
observador da estratégia da sobrevivência e quando se tratava da sua religião
os meios justificavam os fins.
Agora, o Papa Francisco parece querer
conciliar Razão com Fé mas não deve ser, com certeza, a mesma Razão que tanto
preocupava Martinho Lutero...
O Papa Francisco usa da razão quando
analisa e faz o diagnóstico da sociedade na crise em que vivemos de uma forma
acutilante como nenhum outro fez, e condena, corajosamente, as forças do poder
que a controlam ou descontrolam...
Para além do título da capa não li mais
nada e, portanto, não sei a que espécie de outra razão ele se refere mas, se é
esta, ela não tem nada a ver com fé. Talvez esperança nos homens que
agradecem todo o apoio e impulso que ele, Francisco, lhes possa dar para que
sejam mais justos e menos gananciosos.
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