da Democracia
(continuação)
A língua e a escrita grega
tiveram uma grande importância na difusão das ideias, na consolidação do seu
pensamento e na estruturação das suas crenças.
Nos primórdios, em Creta e
em Micenas a escrita grega era pictográfica, e foi nela que se gravaram as
famosas tábuas de argila descobertas no palácio de Cnossos pelo arqueólogo Arthur
Evans, e que o genial Michael Ventris, ao decifrá-las demonstrou terem por base
a fonética e a língua gregas.
É nesse período – chamado período
arcaico – que têm raízes as grandes lendas e mitos que lhes estão associados:
as lutas de titãs e a criação do mundo, a guerra de Tróia, a “Odisseia”, o Minotauro,
Dédalo e Ícaro, os argonautas, etc...
A “Ilíada” de Homero – e em
certa medida a “Odisseia” – grafada já na nova escrita baseada no alfabeto fenício,
representa para os gregos a mesma referência de crenças e valores que a Bíblia
simboliza para os judeus.
Mas, ao contrário do
pensamento judaico, que é teocêntrico - que considera Deus como o centro de
tudo – nos gregos tudo é humano, e tudo se realiza à escala humana.
Isso é bem visível na
escultura, onde se exalta o corpo humano dos jovens rapazes nus ou das jovens
raparigas discreta e pudicamente vestidas com as suas longas túnicas.
Nunca os judeus
representaram assim os seus heróis.
Na Renascença italiana seria
Miguel Ângelo quem haveria de esculpir no mármore, à maneira dos gregos, o
jovem David.
Com as suas contradições, as
suas guerras, as suas ambições, a sua diversidade, o mundo grego representa um
modelo que pode servir para simbolizar o mundo actual.
Estudar aquela cultura e os
seus caminhos é estimulante e pode ajudar-nos a compreender o mundo de hoje e
antever o seu destino.
As dimensões são diferentes,
a Ática e o Peloponeso deram lugar aos novos continentes – a América e a Ásia à
cabeça – e os mares Egeu e Jónico são agora todos os oceanos da terra.
Mas ao contrário do mundo
dos gregos que eles imaginavam infinito, o nosso tem as fronteiras à vista e em
cada dia que passa, tomamos disso dolorosa consciência.
Fim
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home