( Na minha cidade de Santarém em 22/7/14)
No meu país, do ponto de vista político, para além das guerras entre o Governo e o Tribunal Constitucional, o que está agora na ordem do dia é a disputa pelo poder no partido Socialista ente António José Seguro e António Costa.
Em democracia, um partido político é uma
organização complexa de pessoas com legítimas ambições de poder que estabelecem
entre si relações de amizade, aliança, cumplicidade e se submetem a um
Estatuto que deve assegurar, em primeiro lugar, o respeito pelas bases
ideológicas do partido e, ao mesmo tempo, o seu funcionamento em moldes
discutidos e aceites pelos órgãos representativos dos seus
militantes.
No Partido Socialista, nascido ainda no
tempo do anterior regime, a ideia prevalecente foi sempre a da liberdade e
respeito pelos direitos democráticos das pessoas tanto dentro como fora do
partido.
António José Seguro, ao contrário do que
o seu nome indica, é um líder inseguro e os Estatutos foram a sua grande
preocupação para a defesa do seu lugar depois de ter estabelecido, ao longo dos
anos no silencio da oposição, uma rede de ligações e cumplicidades nas
estruturas do partido por todo o país.
Receoso
que lhe disputassem o poder que lhe caiu no regaço com a derrota de José Sócrates
nas últimas eleições, derrota essa que ele próprio ajudou a minar, foi-se aos
Estatutos e blindou-os impedindo o acesso ao Congresso Extraordinário.
Foi esta a decisão da Comissão Nacional
de Jurisdição (CNJ) com base no argumento de que vai contra os estatutos do
partido, segundo os quais não pode ocorrer a eleição de novos dirigentes sem que
haja vacatura dos respectivos cargos.
Ora, no Partido Socialista, há muitas pessoas que
estão interessadas em que Seguro chegue ao
poder para que finalmente colham os dividendos de um investimento feito ao
longo dos anos em fidelidade seguidista cultivada pelo actual Secretário Geral
junto das estruturas Federativas e Concelhias do Partido por esse país fora.
Para alguns outros, poucos, um Chefe
limitado na sua capacidade de visão política e permanentemente receoso,
constitui sempre a garantia de um terreno fértil para semear projectos de
ambição pessoal.
António Costa, que é considerado pela
maioria das pessoas, observadores e votantes na esquerda e centro democrático, como um político mais hábil, competente e sedutor, com um discurso inteligente, pensado, apoiado numa vitória
histórica na Câmara Municipal de Lisboa, não aceitou que os 31,4% obtidos pelo
Partido nas últimas eleições para o Parlamento Europeu, fosse considerada uma
grande vitória.
Na verdade, só um político de vistas
curtas pode considerar esse resultado como uma Grande Vitória e logo no dia seguinte, António Costa disponibilizou-se para disputar o poder num
Congresso Extraordinário.
Mais uma vez, as “vistas curtas” de António
José Seguro, filhas da sua cobardia política, no lugar de corresponder
imediatamente ao desafio e pôr termo à divisão do partido, inventou umas primárias
lá para fins de Setembro/Outubro.
Ele desconhece que em democracia política
o poder está sempre a ser escrutinado e da mesma maneira que ele contesta a
legitimidade do Governo eleito democraticamente e pede a sua demissão... está
no seu papel, é o chefe da oposição, relativamente a si barrica-se nos
Estatutos que ele próprio alterou em seu proveito e afirma:
-
Daqui não saio... daqui ninguém me tira! Para além de cobardia a incoerência política!
A continuar esta luta intestina até finais de Setembro, princípios de Outubro, o PS, dividido, irá averbar uma derrota nas próximas eleições legislativas, mais pequena com António Costa, mais robusta com o António José Seguro, para gáudio de Passos Coelho e dos Votos em Branco e grande prejuízo para o país.
O culpado foi o Costa! - repetirá pela centésima vez o Tó Zé Seguro....
A continuar esta luta intestina até finais de Setembro, princípios de Outubro, o PS, dividido, irá averbar uma derrota nas próximas eleições legislativas, mais pequena com António Costa, mais robusta com o António José Seguro, para gáudio de Passos Coelho e dos Votos em Branco e grande prejuízo para o país.
O culpado foi o Costa! - repetirá pela centésima vez o Tó Zé Seguro....
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