António Costa |
E se o burro volta
a
ganhar ao Ferrari?
«Tenho
um método infalível para descobrir a fila mais lenta para a caixa de um
supermercado. É a que eu escolher. Até pode estar só uma pessoa à minha frente,
com meia dúzia de artigos no tapete. Vai ser a mais demorada, mesmo que as
outras estejam guarnecidas por três ou quatro pessoas com os carrinhos cheios.
É fatal como o destino. Há muitas variantes. O preço do champô é diferente do
que estava na prateleira. O "scanner" recusa-se a ler o código de
barras. O cartão não se entende com o terminal do multibanco. Ou outra coisa
qualquer. O resultado final é sempre o mesmo. É por isso que considero um passo
em direção a um Mundo mais justo a fila única, em que a clientela é chamada
pela ordem da chegada para a próxima caixa a ficar livre.
Infelizmente, o Mundo está longe de ser justo. Que o diga o camarada Tó Zé, que há três anos tirou a senha para ser primeiro-ministro, aguentou estoicamente a chegada da sua vez e agora vê a vida dele a andar para trás, pois está-se mesmo a ver que o camarada Costa lhe vai passar à frente.
O Costa sabe-a toda. Em 2011, escondeu-se atrás do coqueiro, delegando em Assis a representação da "tralha socrática" e dando a Seguro a corda para se enforcar. "O cargo de líder da Oposição é o mais difícil lugar da vida pública", explicou.
Costa é o ciclista que vai na roda do Seguro, recusando-se a puxar durante toda a fuga, e depois, quando a meta está à vista, aproveita-se da fadiga do companheiro para lançar o sprint vitorioso e conqui star
a camisola amarela.
Costa é o fundista que se resguarda no pelotão, enquanto Seguro se estafa a fazer de lebre, até que o sino anuncia a entrada na última volta e ele, fresco, parte de trás, tira partido do desgaste do adversário, ultrapassa-o e ganha a corrida.
Costa é o ponta de lança que passa o jogo todo na mama, não recua, não defende, não pressiona, à espera de fazer o golo aproveitando um ressalto, uma desatenção dos centrais ou uma defesa incompleta do guarda-redes.
Para quem segue de fora a guerra civil socialista, é fácil simpatizar com a persistência de Seguro e achar que ele merece ser poupado ao drama de Marcelo, Marques Mendes ou Menezes, outros líderes da Oposição que não chegaram às legislativas.
Mas a natural simpatia pelo candidato calimero, o Peninha Seguro contra o Gastão Costa, não pode turvar a racionalidade do raciocínio. Niki Lauda avisou que para ser campeão de Fórmula 1 é preciso ser canalha .
Infelizmente, o Mundo está longe de ser justo. Que o diga o camarada Tó Zé, que há três anos tirou a senha para ser primeiro-ministro, aguentou estoicamente a chegada da sua vez e agora vê a vida dele a andar para trás, pois está-se mesmo a ver que o camarada Costa lhe vai passar à frente.
O Costa sabe-a toda. Em 2011, escondeu-se atrás do coqueiro, delegando em Assis a representação da "tralha socrática" e dando a Seguro a corda para se enforcar. "O cargo de líder da Oposição é o mais difícil lugar da vida pública", explicou.
Costa é o ciclista que vai na roda do Seguro, recusando-se a puxar durante toda a fuga, e depois, quando a meta está à vista, aproveita-se da fadiga do companheiro para lançar o sprint vitorioso e con
Costa é o fundista que se resguarda no pelotão, enquanto Seguro se estafa a fazer de lebre, até que o sino anuncia a entrada na última volta e ele, fresco, parte de trás, tira partido do desgaste do adversário, ultrapassa-o e ganha a corrida.
Costa é o ponta de lança que passa o jogo todo na mama, não recua, não defende, não pressiona, à espera de fazer o golo aproveitando um ressalto, uma desatenção dos centrais ou uma defesa incompleta do guarda-redes.
Para quem segue de fora a guerra civil socialista, é fácil simpatizar com a persistência de Seguro e achar que ele merece ser poupado ao drama de Marcelo, Marques Mendes ou Menezes, outros líderes da Oposição que não chegaram às legislativas.
Mas a natural simpatia pelo candidato calimero, o Peninha Seguro contra o Gastão Costa, não pode turvar a racionalidade do raciocínio. Niki Lauda avisou que para ser campeão de Fórmula 1 é preciso ser canalha .
"Digam-me o nome de um piloto bonzinho
que tenha sido campeão!?!", desafiou. A política é como a Fórmula 1. É por
essas e por outras que, na luta socialista pelo poder, Costa está ao volante de
um Ferrari e Seguro vai montado num burro. Mas há surpresas. Quem diria que a
Alemanha ia aviar o Brasil com um 7-1? E que os Espíritos Santos iam falir? Há
11 anos, em Loures, o burro chegou primeiro que o Ferrari. Sabe-se lá se, um
dia destes, eu escolho a fila mais rápida para a caixa do supermercado... E se
o burro volta a ganhar ao Ferrari...» [JN]
Autor:
Jorge Fiel.
Nota
- Nas filas para pagamento nos Supermercados acontece-me exactamente o mesmo. Se eu quiser saber qual a mais demorada é meter-me nela... nunca falha.
Quanto ao resto, acredito que na política haja questões de timing e acertar nele tanto pode ser da sorte, circunstâncias, como do faro político.
Nesta disputa entre Costa e Seguro pode haver um problema de timing, já temido por Seguro quando blindou os Estatutos contra Congressos Extraordinários entre mandatos, mas o problema para mim e para muitos votantes da área socialista, está na avaliação que cada um faz destes políticos num momento decisivo da vida do país, porque isso é o que verdadeiramente interessa.
Pessoalmente, não tenho nenhumas dúvidas que as qualidades de Costa fazem dele um político muito melhor.
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