terça-feira, julho 15, 2014

António Costa
E se o burro volta

a ganhar ao Ferrari?
   







«Tenho um método infalível para descobrir a fila mais lenta para a caixa de um supermercado. É a que eu escolher. Até pode estar só uma pessoa à minha frente, com meia dúzia de artigos no tapete. Vai ser a mais demorada, mesmo que as outras estejam guarnecidas por três ou quatro pessoas com os carrinhos cheios. É fatal como o destino. Há muitas variantes. O preço do champô é diferente do que estava na prateleira. O "scanner" recusa-se a ler o código de barras. O cartão não se entende com o terminal do multibanco. Ou outra coisa qualquer. O resultado final é sempre o mesmo. É por isso que considero um passo em direção a um Mundo mais justo a fila única, em que a clientela é chamada pela ordem da chegada para a próxima caixa a ficar livre.

Infelizmente, o Mundo está longe de ser justo. Que o diga o camarada Tó Zé, que há três anos tirou a senha para ser primeiro-ministro, aguentou estoicamente a chegada da sua vez e agora vê a vida dele a andar para trás, pois está-se mesmo a ver que o camarada Costa lhe vai passar à frente.


O Costa sabe-a toda. Em 2011, escondeu-se atrás do coqueiro, delegando em Assis a representação da "tralha socrática" e dando a Seguro a corda para se enforcar. "O cargo de líder da Oposição é o mais difícil lugar da vida pública", explicou.


Costa é o ciclista que vai na roda do Seguro, recusando-se a puxar durante toda a fuga, e depois, quando a meta está à vista, aproveita-se da fadiga do companheiro para lançar o sprint vitorioso e conquistar a camisola amarela.


Costa é o fundista que se resguarda no pelotão, enquanto Seguro se estafa a fazer de lebre, até que o sino anuncia a entrada na última volta e ele, fresco, parte de trás, tira partido do desgaste do adversário, ultrapassa-o e ganha a corrida.


Costa é o ponta de lança que passa o jogo todo na mama, não recua, não defende, não pressiona, à espera de fazer o golo aproveitando um ressalto, uma desatenção dos centrais ou uma defesa incompleta do guarda-redes.


Para quem segue de fora a guerra civil socialista, é fácil simpatizar com a persistência de Seguro e achar que ele merece ser poupado ao drama de Marcelo, Marques Mendes ou Menezes, outros líderes da Oposição que não chegaram às legislativas.


Mas a natural simpatia pelo candidato calimero, o Peninha Seguro contra o Gastão Costa, não pode turvar a racionalidade do raciocínio. Niki Lauda avisou que para ser campeão de Fórmula 1 é preciso ser canalha .

 "Digam-me o nome de um piloto bonzinho que tenha sido campeão!?!", desafiou. A política é como a Fórmula 1. É por essas e por outras que, na luta socialista pelo poder, Costa está ao volante de um Ferrari e Seguro vai montado num burro. Mas há surpresas. Quem diria que a Alemanha ia aviar o Brasil com um 7-1? E que os Espíritos Santos iam falir? Há 11 anos, em Loures, o burro chegou primeiro que o Ferrari. Sabe-se lá se, um dia destes, eu escolho a fila mais rápida para a caixa do supermercado... E se o burro volta a ganhar ao Ferrari...» [JN]
   
Autor:

Jorge Fiel.


Nota

- Nas filas para pagamento nos Supermercados acontece-me exactamente o mesmo. Se eu quiser saber qual a mais demorada é meter-me nela... nunca falha.

Quanto ao resto, acredito que na política haja questões de timing e acertar nele tanto pode ser da sorte, circunstâncias, como do faro político.

Nesta disputa entre Costa e Seguro pode haver um problema de timing, já temido por Seguro quando blindou os Estatutos contra Congressos Extraordinários entre mandatos, mas o problema para mim e para muitos votantes da área socialista, está na avaliação que cada um faz destes políticos num momento decisivo da vida do país, porque isso é o que verdadeiramente interessa.

Pessoalmente, não tenho nenhumas dúvidas que as qualidades de Costa fazem dele um político muito melhor.

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