Não Sabia?...
Depois do que aconteceu com o BES e o
GES (Banco Espírito Santo e Grupo Espírito Santo) a tendência de muita gente
foi a de culpabilizar os Reguladores: Banco de Portugal e CMVM (Comissão de
Mercados de Valores Mobiliários) com aquele desabafo conhecido de que “eles
sabiam tudo mas não fizeram nada”...
Mas então, sabiam ou não sabiam?
-
Até podiam desconfiar mas não tinham como provar porque neste mundo da alta
finança não só não há santos como há peritos em esconder a realidade de forma
completamente legal.
Lembram-se do Sr. Bernard Madoff que
comandou um esquema de 65 biliões de dólares nos E.U., o maior de sempre, e que
foi condenado a 150 anos de prisão porque se “fechou em copas” assumindo ele a
totalidade da responsabilidade da trafulhice o que impediu a investigação de
outros culpados?
Mesmo assim, um dos seus dois filhos,
que trabalhavam com ele, tempos mais tarde, não aguentou a pressão e
suicidou-se.
Era tudo muito simples exactamente como
a nossa Dª Branca, aquela velhinha simpática de 73 anos que enganou as pessoas
durante 20 anos. Ganhava-se a confiança das pessoas de quem se recolhiam as
poupanças com as quais se pagavam juros generosos.
As pessoas podiam achar estranho de como
era possível receber juros tão altos mas a ganância, a ambição e a ignorância,
fazia-as imaginar negócios estrambólicos que permitiam esses juros em vez de
perceberem que estavam a ser enganadas.
Ainda me lembro, no caso da Dª Branca,
dizer-se que a velhinha transaccionava em armas e droga... e o Sr. Madoff
espalhou a informação de que era dotado de uma intuição extra-sensorial que lhe
permitia saber quando as acções subiam e desciam...
Ele e a D.ª Branca faziam exactamente o
mesmo: pagavam juros altos com o dinheiro que as pessoas lhe entregavam dada a confiança neles depositada e atraídos pelos altos juros, já se vê...
Para além
do mais, a D.ª Branca, era uma velhinha simpática, de cabelos brancos, pouco
instruída, que seria incapaz de enganar alguém... e Madoff porque era
considerado na alta-roda dos milionários, especialmente judeus, um autêntico
mago.
O Grupo Espírito Santo e o Banco
Espírito Santo, tudo pertencendo à mesma família, estabeleceram entre si uma
relação perversa, porque o Banco emprestava dinheiro às empresas do Grupo numa exposição
que segundo um estudo ascende a 1.240 milhões de euros.
O Grupo Espírito Santo era e é um
conglomerado de empresas, mais de 400, muitas delas sediadas no exterior,
nomeadamente no Luxemburgo, onde se encontravam as principais “cabeças” que
dominavam o império empresarial da família.
Os interesses da família estavam
dispersos através de uma cascata de participações de empresas, algumas das
quais não cotadas nem sujeitas ao controle dos supervisores.
A um especialista destes assuntos, o
Prof. de Economia João Duque, ouvi eu afirmar que algumas empresas tinham as
suas contas e relatórios tão bem apresentados que eram dignos de elogio,
simplesmente a tal cascata permitia que os pontos de partida não fossem
aqueles. Como dizia, eram como Bilhetes de Identidade autênticos mas que não
pertenciam àquela pessoa.
Portanto, nenhuma parecença com a Dª
Branca ou o Manoff, aqui a
sofisticação era de tal forma que a verdade só podia vir de dentro para fora
por denúncia, o que aconteceu com a ajuda da imprensa.
O primeiro inimigo de Ricardo Salgado e
o mais importante foi Pedro Queiroz Pereira, (PQP, que era corredor de
automóveis, lembram-se?) ambos a personificar o maior conflito familiar na
cúpula do capitalismo.
A guerra entre ambos, em que esteve em
causa o controle da Semapa foi vencido por Ricardo Salgado que ficou no comando
do Grupo da família e o segundo, o PQP, livrou-se do Grupo Espírito Santo de que era
accionista de topo.
Na sequência desta luta, Pedro Queiroz
Pereira criou uma equi pa de 16
pessoas que não fizeram outra coisa que não fosse esgravatar as contas de
Ricardo Salgado, - contas essas que nem aos accionistas eram mostradas - aceder a
escrituras, cruzar informações.
No fim deste trabalho construiu um
dossier que revelava todo o “buraco” do Grupo Espírito Santo e entregou-o no
Banco de Portugal.
Hoje, sabe-se, que Pedro Queiroz Pereira,
que ficou apenas a controlar o seu grupo familiar, viria a ser o verdadeiro
vencedor. O primo está falido, sem os amigos que o idolatravam, e em ruptura
com toda a família.
Não irá com certeza para o Fundo de
Desemprego mas, para quem ainda há meia dúzia de dias, era o DDT (dono disto
tudo) convenhamos que foi um grande trambolhão, mas eu condôo-me é dos
portugueses que virão a sofrer com o desemprego porque vai haver empresas a falir porque não recebem os seus créditos, tudo fruto das vigarices e
incompetências destes senhores que, mais uma vez, bons advogados, entre eles
Daniel Proença de Carvalho, se encarregarão de proteger.
Dá-me vontade, perante estas falências,
de perguntar quem é que afinal andou a viver acima das suas posses:
-
Os desgraçados dos portugueses culpados de todos os males que nos aconteceram,
ou as “tias da Comporta” no fausto do seu império e no luxo das suas falsas
riquezas?...
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