sábado, agosto 16, 2014

Desisto, não apresento mais nenhuma proposta....
De Mentira

em Mentira

De Ameaça

em Ameaça




Assim continua a política no nosso país. Quando o governo de de Sócrates se preparava para a maioria absoluta em 2005 e o futuro 1º Ministro se deslocou a Santarém para um comício eleitoral fui até lá para o ouvir.

Esperava eu, ingenuamente, que ele fosse referir-se à necessidade de arregaçarmos as mangas para trabalhar mais e melhor, de forma mais eficiente e conter-mo-nos  nos gastos porque se a produção da riqueza não se consegue facilmente de um dia para o outro já a redução das despesas se podem fazer mais rapidamente. 

Mas a minha expectativa saiu completamente lograda pois tudo quanto ouvi foram palavras cor-de-rosa, promessas de um futuro melhor, sem um apelo à nossa capacidade de sacrifício, ao esforço e ao rigor. Ao contrário, a riqueza iria aumentar, não haveria necessidade de subir impostos ou fazer despedimentos na Função Pública.

Estas palavras de esperança são animadoras e bem vindas em épocas de crise, mas Pedro Passos Coelho, no seu discurso de ontem no Pontal, fez um discurso contraditório, de alguém que está mal disposto, ressabiado com os juízes do Palácio Raton, que em vez de prometer ameaça veladamente, impotente para reduzir ainda mais as reformas aos antigos funcionários públicos como ele tanto desejaria e não houvesse mais nada no país para fazer.

Acusa os velhos de não serem solidários nos sacrifícios com os mais novos esquecendo-se que são eles, os velhos, reformados, os avós, que com as suas pensões, privando-se ao máximo de tudo, sustentam filhos e netos desempregados funcionando como uma almofada social que o Estado não consegue fornecer.

Por isto, as palavras de Passos Coelho são injustas e ofensivas. As pensões nas mãos dos reformados ajudam muito mais a sociedade do que nas mãos da Ministra das Finanças para desaparecerem na voragem dos Orçamentos.

Vencido mas não convencido afirma que não irá fazer mais nenhuma proposta para mexer nas pensões, desiste,aguarda pelo PS, por uma questão de respeito para com os reformados e pensionistas... que agradecem que ele esteja quieto, que não se lembre deles e procure o dinheiro onde não seja tão fácil encontrá-lo.

Esta falta de sensibilidade em momentos de sérias dificuldades para a maioria da população, como estes que estamos a viver, revelam Passos Coelho como pessoa inadequada para governar o país. Por isso, no intervalo das suas tiradas oratórias, não se ouviu um aplauso, um apoiado, apenas caras fechadas ao contrário do que era normal em discursos para o partido feitos pelo respectivo líder.

A Democracia é um regime Político exigente e de responsabilidade para todos. Implica cultura cívica e um razoável nível geral de informação e isto é impossível de atingir quando em Portugal o nível de literacia dos nossos alunos em leitura, matemática e ciências é dos mais baixos da OCDE, de acordo com um estudo relativamente recente de uma Agência Internacional, É o bê-á-bá e pouco mais.

Se não entendermos o que lemos, não percebermos o que ouvimos e não compreendermos o que se passa à nossa volta, no nosso país, no mundo, não conseguiremos integrar-mo-nos num processo de produção que não ditamos mas que temos de acompanhar para não ficarmos à margem, excluídos.

E sendo assim, os nossos políticos vão ter que continuar a mentir e a ofenderem-nos com as suas verdades como é o caso de Passos Coelho. 

Passámos definitivamente aquela fase em que o poder se alcançava pelo recurso à violência e se mantinha com a ajuda das forças militares ou militarizadas, da censura e privação das liberdades, e isto constituiu um enorme avanço das nossas sociedades mas ainda não conseguimos dispensar a mentira, as verdades enviesadas e as subtilezas dos discursos como estratégia de conquista e manutenção do poder.

Vai ter que passar ainda mais tempo e investir em força numa educação que nos torne mais aptos para vivermos num mundo cada vez mais exigente.

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