Primavera árabe na Líbia. |
As Primaveras
árabes
Uma grande parte do mundo, chamado de
ocidental, com uma tradição cultural que remonta aos gregos, depois de
atravessarem um longo período de monarqui as
absolutas e de domínio da Igreja Católica de Roma, foi avançando, com os
contributos do Renascimento, das ideias da Revolução Francesa e da
Independência da América do Norte, para as democracias em que o poder resulta
do voto pessoal livremente expresso.
Eu nasci numa democracia mascarada,
fingida, em que as pessoas eram livres de votar desde que fosse no Salazar, tal
como nos tempos de Henry Ford, nos EUA, que dizia aos compradores dos seus
automóveis que podiam escolher a cor que qui sessem
desde que fosse preta.
Mas enfim, melhor ou pior, com duas
Grandes Guerras pelo meio, a democracia instalou-se entre nós e tem vindo a
consolidar-se com a ajuda do Projecto Europeu, deixando para longe os tiranos
absolutistas que mandam e impõem aos outros, pela força, a sua vontade.
Eram situações destas que existiam nos
países árabes do norte de África: Iraque, Líbia, Síria, Iémen, Nigéria, Egipto,
todos submetidos à vontade de tiranos que impunham a sua ordem e lá iam vivendo
em relativa paz dentro das suas fronteiras até chegar, em 2010, uma onda
revolucionária denominada “primaveras árabes” e em que as redes sociais desempenharam
um importante papel.
Foi uma contestação contra as condições
de vida no país que começou num jovem tunisino que ateou fogo contra o próprio
corpo que o vitimou.
Três chefes de estado foram derrubados,
um deles, Kadafi, foi torturado e morto com um tiro na cabeça.
Mas, passados estes anos o resultado é o
caos, como diz Maria João Tomás, investigadora.
Na realidade, o que tem vindo a
acontecer é o aparecimento de grupos terroristas que instalam autênticos
estados de terror, matando, saqueando em nome da religião mas que apenas estão
interessados no petróleo, minas de ouro, ou controle de zonas onde possam
lucrar com o saque de todo o tipo de tráfego, o que desperta saudades dos
antigos ditadores que, aos olhos destes, eram menos maus.
A “primavera árabe” transformou-se num “inverno
rigoroso” porque, não obstante todas as revoluções, por bem intencionadas que
sejam, não basta querer a liberdade e a democracia, neste caso, diria que elas
não estão no ADN daqueles povos, pelo menos para já.
A Europa e o mundo ocidental têm muitas
responsabilidades nesta situação porque no seu relacionamento não privilegiaram
os interesses dos povos chegando ao ponto de invadirem o Iraque por uma razão inexistente
que escondia interesses materiais ligados também ao petróleo, ignorando a
humilhação de uma sociedade milenar que destruíram na sua organização administrativa e militar e que veio
a transformar-se num território de extremistas islâmicos.
Da antiga realidade de estabilidade e
segurança pouco resta nos dias de hoje. Veremos o que nos espera no futuro mas
sem grandes esperanças porque a cobiça é grande e todos querem o seu qui nhão.
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