A SEVERA
José Malhoa ia já nos 53 anos quando começou a pintar a cena em que Adelaide ouvia,
embevecida, Amâncio a tocar o que era então uma arte menor. No intervalo das
sessões de pintura havia cenas de pancadaria entre o casal e era preciso que o
pintor os fosse buscar aos calabouços do Governo Civil. Ele, era um marginal
que vivia na legalidade com a navalha a sair do bolso, um "fadista"
como eram chamados. Ela, a Adelaide da Facada, por causa de uma cicatriz que
apresentava na face. Malhoa tentou ainda contratar modelos profissionais mas,
como ele próprio disse: "Não me davam nada do que eu sentia e visse ao
natural": a boémia dos bairros populares de Alfama, Bairro Alto e
Mouraria.
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