terça-feira, setembro 23, 2014

Como irá ser?

 








O futuro escapa-se-nos… o nosso destino em pouco ou nada está nas nossas mãos, a não ser para o mal porque para o bem está em Bruxelas, na Europa ou mais concretamente, na Alemanha.


Quem nasceu, como eu, no início da 2ª G.G. Mundial e foi contemporâneo do que os alemães fizeram à Europa e ao mundo, das atrocidades que praticaram, perguntou-se se eles eram pessoas ou monstros e a resposta foi de que, afinal, foram simplesmente pessoas que fizeram coisas monstruosas.



Pela segunda vez estão a lançar a Europa no desemprego, na ruína e na pobreza, porque se as suas grandes qualidades como povo, pelo menos apregoadas, são a disciplina, rigor e trabalho, o seu grande defeito é o excesso de orgulho em ser alemão.


Nasceu o projecto europeu com uma moeda que é o marco alemão com o nome de euro perfeitamente ajustado à sua economia mas desadequado a economias frágeis como a de Portugal.


Na liderança deste projecto a Alemanha impôs uma política de rigor orçamental tão drástica que provocou altas taxas de desemprego, de emigração forçada e de recessão económica. 


Cada país europeu não pode estar sozinho, isolado, sem dimensão – Portugal representa apenas 2% da economia europeia, repito, 2% - para poder resolver os seus problemas e entrar no diálogo com os outros grandes espaços económicos e populacionais como a China, Brasil, Índia, Estados Unidos.


O projecto de uma Europa unida era a solução quase óbvia mas no fundo a Alemanha sempre pensou em si e os restantes países aceitaram segui-la sem força e discernimento para se oporem a um projecto de “serviços mínimos” que estava condenado ao fracasso.



O projecto europeu era de tal forma difícil de pôr em prática que só numa solução integral seria viável. 

Limitado a pouco mais de que uma moeda única era fácil antever que, mais cedo ou mais tarde, por isto ou por aquilo, a diferente capacidade, dimensão, estado de desenvolvimento económico dos países que a compunham, teria que levar a bloqueios.


A moeda única, só por si, mais agravou a situação porque sendo a moeda o “espelho das economias”( assim me ensinou o meu falecido professor Alfredo de Sousa), com economias diferentes, ainda por cima com taxas de juro baixas e acesso fácil ao crédito, tinha que dar asneira.

Era preciso ter sido ambicioso e ter tido a coragem, como sempre defendeu Mário Soares, de avançar para um governo europeu, um exército europeu, uma única política externa e uma legislação no domínio fiscal e do trabalho que nos aspectos essenciais fosse comum.

O que se fez foi um esboço. Desmantelámos a nossa agricultura e pescas no que seria bom para a europa… Em troca recebemos dinheiro que acabou em grande parte em meia dúzia de bolsos e serviu para alimentar vícios.

Em desabafo, a este projecto envergonhado de uma Europa Unida, reconhecido como tal pelo actual presidente eleito Jean Claude Junker, que já advertiu para o facto de que “estamos a brincar com o fogo” e ainda o ano passado alertou para o perigo de uma revolta social.


Neste momento, o Banco Central Europeu pôs dinheiro para investimento à disposição dos Bancos ao preço da “uva mijona” mas as empresas não investem porque não há estímulos em termos de poder de compra das pessoas.

A inflacção, o “bicho de sete cabeças dos alemães”, está muito baixa e ronda mesmo a deflação, como no nosso caso. Cortes e mais cortes na Despesa Pública levam ao desânimo e ausência de esperança no futuro, retracção no consumo e, naturalmente, isto é mau para a economia.

A França já disse não conseguir cumprir o deficit de 3% para este ano e o 1ºMinistro foi falar com a Merkel.

Como será se eles não cumprirem? Abre-se uma excepção e Portugal vai continuar obrigada a cumprir os seus deficites? No corrente ano, talvez, mas em 2015?

Temos um novo Parlamento e Governo Europeus a entrarem em funções. Será que conseguem contrariar a política da  toda poderosa Alemanha?

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