Factor decisivo |
A Escolha está Feita
O embaixador Seixas da Costa, ex-colega
meu de Curso, mais novo, homem muito inteligente com um percurso profissional
de grande qualidade, ironizava um dia destes – ele que se afirma conhecedor do
PS – que dificilmente alguém mudará de voto por causa destes confrontos e eu acrescento que o próprio
acto de inscrição para o voto já pressupõe uma prévia escolha.
Os portugueses são, regra geral, pessoas
emocionais como bons latinos pensam muito com o coração, pouco predispostos a escolhas racionais. Esta é a sensação que temos, verdadeira ou não.
No caso de Costa e Seguro ninguém vai
para a escolha a partir do zero à espera dos confrontos verbais entre ambos
para se decidir.
Se alguém nesta disputa se inscrevesse
para votar partindo do zero o que seria natural é que não se inscrevesse mesmo, a
não ser que o faça com segundas intenções, o que também pode acontecer.
Vencer a inércia, sair de casa,
deslocar-se a um local que nem sequer sabe onde fica ou envolver-se nas “tecnologias
de informação” para se inscrever através da Internet, pressupõe uma vontade
direccionada para um dos candidatos e se um deles era o que estava no lugar
certo para vir a ser, provavelmente, 1º Ministro, é lógico pensar que aqueles
que se deram ao trabalho de inscreverem-se são, maioritariamente, os que
querem a mudança e ela só pode estar com António Costa.
Eu, ao contrário do embaixador Seixas da
Costa, não conheço o Partido Socialista por dentro mas, se para mim alguma
opinião conta, é a dele.
Em 40 anos de democracia nunca vi
nenhuma sondagem falhar rotundamente. Erros de 20 ou mesmo de 10 pontos
percentuais são praticamente impossíveis em condições normais com as actuais técnicas
de medir a opinião e estes são os valores que separavam e continuam a separar
os dois candidatos de acordo com os números que ainda ontem foram publicados no
Jornal.
O resto, 80 medidas ou 6 e meia só
interessa verdadeiramente aos staffs e muito entendidos mas esses há muito que
já estão nas suas barricadas.
Importante mesmo é o carisma, seja isso
o que for, que cada um dos políticos tem e se foi formando ao longo dos anos
pois tanto um como o outro são velhos conhecidos dos militantes e simpatizantes
do Partido Socialista.
Seguro, que nunca gostou de Sócrates,
herdou o seu legado mas ao longo de três anos, ele próprio o admitiu, “anulou-se
para manter a paz no partido". Ou seja, por calculismo e taticismo,
dissimulou a sua posição, optou pela ocultação. Entre a coragem e a cobardia
optou pela cobardia.
Quando o “traidor” António Costa
desafiou a sua liderança entregando, democraticamente, a escolha aos militantes
do partido em Congresso, ele recusou esse confronto e adiou-o para as “calendas
gregas” à espera de um milagre, prejudicando o partido e o país, mais uma vez
por cobardia.
É evidente que estas manifestações de
falta de coragem política contrariam as tiradas qui xotescas
e as acusações de traição ao seu adversário quando foi ele que se traiu a si próprio.
Estas “coisas” vão marcando por dentro
os simpatizantes do partido e ajudam ao tal carisma ou falta dele, que parece
agora ser o factor decisivo.
1 Comments:
Peço desculpa por ter confiado na fonte
Os meus cumprimentos
Joaquim Paula de Matos
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