segunda-feira, setembro 29, 2014

O facilitador
João Galamba, 

Moralizar acima das suas possibilidades:










    «Para além de saber se Passos Coelho recebeu ou não via "despesas de representação", há outro tema sobre o qual já sabemos o suficiente e que mostra que o primeiro-ministro andou a discursar claramente acima das suas possibilidades

    Falo da criação do próprio Centro Português de Cooperação (CPPC), a Organização Não Governamental (ONG) que tinha como mecenas a empresa Tecnoforma. 

    Ao que sabemos, Passos foi um dos principais impulsionadores da criação desta ONG, que também terá tido a participação do Conselheiro de Estado Marques Mendes

    Independentemente das discussões em torno das despesas de representação e da exclusividade do então deputado Pedro Passos Coelho, sabemos exactamente o que fazia o actual primeiro-ministro na CPPC. 

    A CPPC era uma ONG de fachada, criada (literalmente) junto da Tecnoforma e que se dedicava a sacar fundos europeus. Quem o diz não sou eu, é o ex-dono da Tecnoforma: "Aquilo que ela devia fazer era simples: nos projectos que visassem as áreas da formação profissional, ela tentava arranjar os financiamentos para esses projectos. Depois, para implementar esses projectos, a ONG socorria-se da Tecnoforma para fornecer o know-how".

    Ou seja, a CPC, sob a capa da ajuda ao desenvolvimento e cooperação com os PALOP, servia para angariar negócios para a Tecnoforma. Passos Coelho, à semelhança de Relvas, era um facilitador.  Para abrir portas, como dizia o patrão dele.

    Nota - Estes expedientes eram a grande ocupação e fonte de receita dos "meninos das jotas".

    Quando Passos Coelho fala de um passado de desperdícios e da irresponsabilidade na utilização de fundos europeus, quando Passos Coelho denuncia a existência de empresas penduradas no Estado, quando Passos Coelho fala de um certo Portugal que importa deixar para trás, uma coisa sabemos: Passos está a generalizar a partir da sua própria experiência pessoal

    Mas a CPPC não era como a ILGA, ou como os Médicos Sem Fronteiras, ou como a Unicef, como descaradamente tentou sugerir Passos Coelho nas suas explicações ao Parlamento. 

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