terça-feira, setembro 09, 2014

Ricardo Salgado - O Homem- Bomba

TIQUE – TAQUE
TIQUE - TAQUE












Cada dia que passa aproxima-nos de um teste a que o regime não vai poder escapar. Tique- taque, tique – taque. O que vai acontecer a Ricardo Salgado?

O que vai acontecer a todos os responsáveis de um dos maiores escândalos financeiros de sempre?

Por agora caiu um manto de pesado silêncio sobre o caso. É o tempo de todas as investigações, da auditoria forense ao Ministério Público. Depois, é imperativo que o país tome conhecimento de toda a verdade.

Tique – taque. O teste está a chegar.

Há políticos a assobiar para o lado, reguladores sobre enorme pressão, advogados a limpar armas, gente desesperada que acreditou e perdeu, empresas a quantificar prejuízos, protegidos que ficaram a descoberto, desprotegidos que clamam por justiça e muitas manobras de diversão.

O próprio Ricardo Salgado deu o tiro de partida, distribuindo culpas pela família. Proença de Carvalho seguiu-lhe o exemplo, insinuando um novo PREC.

Políticos sem memória e eventualmente sem escrúpulos atiram-se a Carlos Costa, para desviar as atenções.

A democracia resistirá a este teste. Mas a qualidade da nossa democracia pode não resistir. Sim, eu sei que ela já não é grande coisa, mas pode ficar pior. Ou melhor. Tudo depende da forma como as instituições lidarem com este caso.

Muitas vozes exigem a prisão dos responsáveis. “Ricardo Salgado devia ser preso”, ouve-se por todo o lado.

É claro que a justiça não pode ser condicionada pelo que se fala nas ruas e nos cafés. É preciso apurar os factos e punir, de acordo com a lei, quem tiver de ser punido. É isso, e só isso, que está em causa.

Devia ser simples. Mas não será. Durante os 23 anos que esteve à frente do Banco Espírito Santo, Ricardo Salgado urdiu uma vasta e complexa rede de influências e poder.

Ele deu emprego a ex-ministros e terá sido parte interessada na colocação de colaboradores seus como ministros, esteve por dentro de muitos dos grandes negócios de Estado, instalou homens da sua confiança pessoal em muitos lugares – chave.

Ricardo Salgado sabe muito mais do que aquilo podemos imaginar. Ele é um homem – bomba, que tira o sono a muita gente.

O “dono disto tudo”, assim conhecido nos bastidores, é agora associado, na opinião pública, ao poder que controlou o país nas últimas décadas.

É óbvio que ele nunca dirá aquilo que sabe. Mas é importante que se saiba tudo, ou perto, daquilo que ele não pode dizer. Essa é a responsabilidade dos reguladores e da justiça.

O resto, ou seja, as penas a aplicar, virá por acréscimo. Este é o teste que fará da democracia um regime melhor ou pior. Tique-taque, tique-taque. O tempo está a contar.


Luís Marques
(Jornal Expresso)



Nota Uma pergunta ficará sempre por responder:

 - Para onde foram tantos milhares de milhões de euros que eram de pessoas, accionistas, que por esse mundo fora confiaram no Banco Espírito Santo?

- Quem beneficiou e se apropriou de tanto dinheiro?

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