Ricardo Salgado - O Homem- Bomba |
TIQUE – TAQUE
TIQUE - TAQUE
Cada dia que passa aproxima-nos de um teste a que o
regime não vai poder escapar. Tique- taque, tique – taque. O que vai acontecer
a Ricardo Salgado?
O que vai acontecer a todos os responsáveis de um dos
maiores escândalos financeiros de sempre?
Por agora caiu um manto de pesado silêncio sobre o
caso. É o tempo de todas as investigações, da auditoria forense ao Ministério Público.
Depois, é imperativo que o país tome conhecimento de toda a verdade.
Tique – taque. O teste está a chegar.
Há políticos a assobiar para o lado, reguladores sobre
enorme pressão, advogados a limpar armas, gente desesperada que acreditou e
perdeu, empresas a quantificar prejuízos, protegidos que ficaram a descoberto,
desprotegidos que clamam por justiça e muitas manobras de diversão.
O próprio Ricardo Salgado deu o tiro de partida,
distribuindo culpas pela família. Proença de Carvalho seguiu-lhe o exemplo,
insinuando um novo PREC.
Políticos sem memória e eventualmente sem escrúpulos
atiram-se a Carlos Costa, para desviar as atenções.
A democracia resistirá a este teste. Mas a qualidade
da nossa democracia pode não resistir. Sim, eu sei que ela já não é grande
coisa, mas pode ficar pior. Ou melhor. Tudo depende da forma como as instituições
lidarem com este caso.
Muitas vozes exigem a prisão dos responsáveis. “Ricardo
Salgado devia ser preso”, ouve-se por todo o lado.
É claro que a justiça não pode ser condicionada pelo
que se fala nas ruas e nos cafés. É preciso apurar os factos e punir, de acordo
com a lei, quem tiver de ser punido. É isso, e só isso, que está em causa.
Devia ser simples. Mas não será. Durante os 23 anos
que esteve à frente do Banco Espírito Santo, Ricardo Salgado urdiu uma vasta e
complexa rede de influências e poder.
Ele deu emprego a ex-ministros e terá sido parte
interessada na colocação de colaboradores seus como ministros, esteve por
dentro de muitos dos grandes negócios de Estado, instalou homens da sua
confiança pessoal em muitos lugares – chave.
Ricardo Salgado sabe muito mais do que aqui lo podemos imaginar. Ele é um homem – bomba, que
tira o sono a muita gente.
O “dono disto tudo”, assim conhecido nos bastidores, é
agora associado, na opinião pública, ao poder que controlou o país nas últimas
décadas.
É óbvio que ele nunca dirá aqui lo
que sabe. Mas é importante que se saiba tudo, ou perto, daqui lo que ele não pode dizer. Essa é a
responsabilidade dos reguladores e da justiça.
O resto, ou seja, as penas a aplicar, virá por acréscimo.
Este é o teste que fará da democracia um regime melhor ou pior. Tique-taque,
tique-taque. O tempo está a contar.
Luís Marques
(Jornal Expresso)
Nota – Uma pergunta ficará sempre por responder:
- Para onde
foram tantos milhares de milhões de euros que eram de pessoas, accionistas, que
por esse mundo fora confiaram no Banco Espírito Santo?
- Quem beneficiou e se apropriou de tanto dinheiro?
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